Diálogo com a comunidade - Jornal Sinal Verde
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Volume 51 - 01/05/11
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Orientação Vocacional e Orientação Profissional referem-se a um mesmo processo?
A resposta a essa
questão é “SIM” e “NÃO”. Embora possa parecer ambígua e incoerente,
a resposta é essa mesma. “SIM”, porque muitos autores consideram a
mesma coisa, pois têm o mesmo olhar para ambas as conceituações. E,
“NÃO” porque outros autores consideram o vocábulo de natureza
bastante distinta e, portanto, não pode significar a mesma coisa.
Para a Análise do Comportamento os processos são vistos de forma
bastante distinta.
Ao definir o vocábulo, temos que “vocação” em português significa:
chamamento interior, apelo irresistível para uma atividade (segundo
uma conotação mentalista e segundo o Novo Dicionário da Língua
Portuguesa, 1986). Dessa forma, Orientação Vocacional pressupõe que
exista uma vocação a ser descoberta por alguém capacitado. Essa
concepção é considerada superada.
Mas, como se escolhe? Dom? Vocação? Conhecimento? Cada modelo
teórico tem sua compreensão. Para Skinner (1974, 1989), vocação é o
conjunto de comportamentos resultantes do arranjo único de
variáveis: filo e ontogenéticas a que cada indivíduo está exposto
desde o seu nascimento. Assim, a vocação de uma pessoa é socialmente
determinada pela combinação de sua história genética, familiar e
cultural (Moura, 2004).
A Orientação Profissional, para a Análise do Comportamento,
remete a escolha profissional de uma pessoa à análise das opções
disponíveis dentre situações concretas e reais que, num dado momento
da vida, serão mais adequadas ao indivíduo e que, em última
instância, caberá somente a ele decidir. Ou seja, é a autonomia do
indivíduo nas escolhas, pois o indivíduo pode aprender a discriminar
quais classes de reforçadores exercem controle sobre o seu
comportamento (interesses) e quais comportamentos foram modelados e
fortalecidos por tais reforçadores (habilidades). Esse conhecimento
coloca uma pessoa em melhor posição frente às decisões
profissionais.
No ITCR realizamos a Orientação Profissional e não utilizamos os
testes vocacionais. São muitas as pessoas que nos procuram
perguntando se fazemos os testes e explicar, para essas pessoas, o
“porque não” do teste tem sido uma árdua tarefa. Muitas vezes é
difícil para uma pessoa compreender “que ela não nasceu para
determinada profissão”, mas que é a investigação da sua história de
vida, da sua genética e de sua cultura que determinarão seu perfil
pessoal. Está apresentado no site www.terapiaporcontingencia.com.br
como o profissional do ITCR trabalha para auxiliar as pessoas a
compreenderem e a analisarem seu perfil pessoal, a optarem por quais
das profissões são compatíveis com o perfil pessoal e quais são as
exigências do mercado de trabalho para o desenvolvimento da
profissão escolhida.
Maria Elisabeth Salvador Caetano
CRP: 06/5296-4
Mestre pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Doutora pela Universidade de Campinas (Unicamp)
Especialista em Orientação Profissional
Gostaria saber mais sobre o sofrimento do luto, pois estou com vários casos de luto (um falecimento do pai, falecimento do marido, do irmão e outro do filho). As pessoas estão num sofrimento "tão profundo", sem vontade de ter convívios sociais e falam muito que não vão conseguir viver mais. Como posso lidar com estas pessoas? (enviada por Andrea Silva Garcia, Psicóloga – Penápolis – SP).
Para responder a essa pergunta, primeiramente
precisamos definir o que é luto. Dizemos que uma pessoa está em luto
quando alguém afetivamente significativo para ela (“a quem amo”, “a
quem sou grato”, “a quem admiro” etc.) morre. Os comportamentos e
sentimentos dela, em relação a esse evento, podem ser caracterizados
como luto. Chorar pela pessoa morta, ficar triste e deprimido,
mandar rezar missas e distanciar-se de festividades, por exemplo,
são alguns exemplos de ações que fazem parte do luto.
Para que consigamos entender as reações apontadas na questão – o
sofrimento profundo, o afastamento do convívio social, inibição da
capacidade produtiva, indiferença a atividades gratificantes –
precisamos analisar: 1) as mudanças nas contingências de
reforçamento vigentes na vida da pessoa em luto a partir da perda;
2) qual o repertório comportamental e afetivo a história de
contingências construiu em relação à morte em geral e à morte de
entes próximos e queridos em particular; 3) quais funções a pessoa
que se foi tinha na vida daquele que sofre o luto.
Parece óbvio, mas quando alguém morre não podemos mais nos
relacionar com a pessoa e assim, torna-se impossível ter acesso a
momentos prazerosos que tínhamos com a pessoa. O sentimento de
tristeza está relacionado à perda desses momentos. Na linguagem da
análise do comportamento, dizemos que a pessoa perdeu os
reforçadores positivos que obtinha no relacionamento com a pessoa.
Esses não podem mais ser produzidos por meio das ações da pessoa já
que o falecido não está mais presente. Vamos pensar, por exemplo,
que um casal, por motivos de trabalho, passe a viver em cidades
distantes. Provavelmente, ambos sentirão a ausência do outro e
apresentarão sentimentos de tristeza após a separação. Nesse caso
eles perderam reforços positivos provenientes das atividades
cotidianas que realizavam juntos. Eles podem comportar-se – viajar
nos fins de semana, telefonar, mandar e-mail, por exemplo – e assim
obter alguns outros reforços positivos um com o outro, reduzindo o
sofrimento motivado pela distância. Com a morte de uma pessoa, isso
não é possível, pois a pessoa que morreu deixa de fazer parte do
nosso ambiente. Não há nada que possamos fazer para ter acesso aos
reforços que obtínhamos com a pessoa anteriormente.
De acordo com Guilhardi [comunicação pessoal] há excessiva ênfase na
análise dos eventos consequentes aos comportamentos e se dá pouca
atenção aos antecedentes. São exatamente os eventos antecedentes que
evocam comportamentos (“Ele sempre estava animado e me ‘puxava’ para
atividades sociais, esportivas. Não permitia que eu ficasse
acomodado etc.”) ou desestimulam outros comportamentos (“Quando eu
estava exagerando na bebida, me puxava para o outro lado”), ou seja,
alteram a probabilidade de emissão de múltiplas respostas
comportamentais. Sem os antecedentes, um amplo repertório de
respostas que produzem reforços (não exclusivamente provindos da
pessoa que morreu) deixam de ser emitidos. Sem respostas não há
reforços.
Qualquer tentativa para auxiliar uma pessoa a lidar com o luto deve
levar em consideração todas as variáveis apresentadas. Assim, por
exemplo, um caminho para alterar o sofrimento é ampliar o acesso a
reforços provenientes de outras fontes. Não é tarefa simples. Exige
ampliar repertório de respostas, responder a novos controles de
estímulos previamente neutros, diversificar e ampliar reforços
positivos, passar a ter mais iniciativa, estender a variabilidade
comportamental etc. As mudanças são lentas e exigem criatividade e
comprometimento do terapeuta.
O sofrimento de luto é normal diante das mudanças que ocorrem na
vida da pessoa com o falecimento de alguém. Porém, ela precisa se
adaptar à nova condição - sem a pessoa. Se isso não acontece e o
sofrimento permanece, é preciso pensar em como alterar esse
sentimento. Nesses casos, a alternativa pode ser buscar terapia, uma
vez que esta pode auxiliar a pessoa a entender o sofrimento, se
adaptar à nova condição e buscar outros significados para a vida.
Pode-se aprender a lidar de novas maneiras com a vida, redefinir
objetivos, mas a lembrança da pessoa querida não se esvai; os
sentimentos mais intensos de dor se amenizam - o que não significa
amar menos - e a viabilizam prosseguir. A vida nunca mais será a
mesma, mas ela continua. Deve-se considerar que ao nosso lado há
outras pessoas e surgem outros objetivos. Não se trata de
substituir, mas de ampliar com a coragem de prosseguir.
Agradeço ao Prof. Hélio Guilhardi pelo apoio na elaboração da
resposta..
Marisa Richartz
CRP 08/15002
Cursando Especialização em Terapia por Contingências de
Reforçamento - ITCR /Campinas/ SP
Atua em consultório particular em Curitiba/ PR
Frase da Vez
"Use reforçamento positivo contingente a comportamentos e também sem atentar para quaisquer contingências de reforçamento. Opte, sempre que possível, por reforços naturais."
(Hélio José Guilhardi)
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Rua Josefina Sarmento, 395, Cambuí - Campinas - SP
Fones: (19) 3294-1960/ 3294-8544
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