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Volume 33 - 10/08/09

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Como a terapia comportamental trabalha com o individuo homossexual que não aceita essa condição e acaba por desistir da terapia quando algumas abordagens trabalham com a questão da aceitação? (pergunta enviada ao Jornal Sinal Verde pela estudante de psicologia Ellen - Cascavel - PR)

Qualquer cliente, com qualquer queixa, pode desistir do processo terapêutico em qualquer abordagem. Há várias possibilidades que devem ser consideradas para entender o que pode produzir tal interrupção. Assim, o vínculo terapêutico pode não ter se estabelecido de forma satisfatória, o cliente pode não ter se sentido acolhido, o terapeuta pode ter inadvertidamente acelerado o processo, ou ter empregado procedimentos aversivos, ou ter exagerado no uso de consequências sociais (da classe de reforçadores positivos) arbitrárias etc. Por seu lado, o próprio terapeuta pode ter tido dificuldades para lidar com o cliente e com as queixas apresentadas (é mais comum do que se pensa o terapeuta ter preconceitos em relação a determinadas pessoas ou aos problemas trazidos, mesmo que não os admita expressamente). Muitas vezes, um melhor conhecimento recíproco pode levar à superação de dificuldades de relacionamento, mas nem sempre há tempo suficiente para se alcançar tal melhor entendimento. Outra possibilidade relaciona-se com o grau de envolvimento do cliente com o desejo de mudanças ou de aceitação de suas particularidades (às vezes, ele não se propõe o objetivo de mudar; ele poderá afirmar para si mesmo que está bem como está...). Ainda mais, ele simplesmente pode não estar pronto para lidar com suas dificuldades e a tentativa de iniciar o processo terapêutico não é catalisada e se frustra. Pode ser também que o cliente tenha sido induzido ou pressionado para procurar terapia e, como tal, suas motivações são de natureza coercitiva ou, de alguma maneira, arbitrária e não se sustenta. Ele pode, ainda, vir em busca de ajuda por razões atuais muito específicas e momentâneas. Se tais condições se modificam, sua disposição para continuar na terapia se altera. A interrupção do processo terapêutico não deve ser apenas lamentada, mas analisada. Aceitar a decisão do cliente é uma maneira de respeitá-lo. O que não exclui uma avaliação de possíveis determinantes de tal interrupção para o crescimento do terapeuta, como pessoa e como profissional. Infelizmente, nem sempre os dados relevantes para uma análise apropriada estão disponíveis.


Obs.: a redação da questão não está suficientemente clara e me parece que há uma suposição de que a Terapia Comportamental não trabalha com a aceitação da orientação sexual, priorizando mudanças. Deve ser esclarecido que tal pressuposto é um equívoco: a Terapia Comportamental trabalha com a aceitação. Por que teria o terapeuta a prepotência de propor direções de mudanças, no caso da orientação sexual de qualquer pessoa? E, afinal, lidar com a aceitação é uma maneira de produzir mudança.


Hélio José Guilhardi

Hélio José Guilhardi
CRP: 06/918
Mestre em Psicologia Experimental pela USP
Diretor do ITCR-Campinas

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Tenho curiosidade em saber como a Análise do Comportamento compreende a fé/religiosidade (pergunta enviada ao Jornal Sinal Verde)

A modo de introdução, cabe ressaltar que o fenômeno religioso (no qual encontramos as manifestações da fé/religiosidade) é algo complexo que é estudado sob várias óticas: a fenomenologia religiosa, a história das religiões, a filosofia, a teologia, a sociologia religiosa, a psicologia, etc.

O estudo do fenômeno religioso pela psicologia nasceu com o surgimento da própria ciência psicológica por se tratar de algo que se apresenta nas pessoas como um fenômeno voltado ao sentido último da vida humana assim como da história e do mundo. Assim, a psicologia busca compreender o que há de psíquico na resposta religiosa ou na sua ausência, bem como nas várias maneiras em que ela se apresenta e também como ela se manifesta ao longo das fases da vida humana. De fato, a religiosidade pode ser encontrada nas mais variadas manifestações: ritos anímicos e mágicos, devocionalismo, sacramentalismo, experiências místicas, etc.

Cada abordagem psicológica, porém, terá explicações distintas para tais respostas segundo seus fundamentos filosóficos e antropológicos.

A Análise do Comportamento procura explicar o comportamento humano, religioso ou não, segundo os pressupostos teóricos do Behaviorismo radical, evidenciando que tal comportamento se produz e é mantido pela relação que se estabelece entre o indivíduo e o ambiente. Dito de outra maneira, o comportamento é controlado pelo arranjo das contingências de reforçamento, ou seja, quando reforçado positivamente tende se manter ou aumentar e quando punido, tende a diminuir ou se extinguir.

Além disso, o comportamento também pode ser controlado por regras, as quais, inicialmente, descrevem contingências. No entanto, as contingências descritas pelas regras nem sempre estão em operação e por isso é que se pode explicar determinado comportamento pelo controle de regras e não pelas contingências de reforçamento em operação.

O comportamento religioso pode ser compreendido pela Análise do Comportamento a partir da relação indivíduo-ambiente e seu controle se dá pelas contingências de reforçamento em operação e pelas regras.

Neste ponto é preciso lembrar que Skinner apresenta a religião como uma das agências controladoras do comportamento humano ao lado do governo e lei, a educação, o controle econômico e a psicoterapia. Se o comportamento é controlado pelas contingências de reforçamento em operação ou pelas regras, cabe ao grupo social reforçar positivamente ou punir assim como apresentar as regras vigentes naquele contexto social.

A religião enquanto agência controladora usa de técnicas semelhantes do controle do grupo governamental. Como afirma Skinner, classifica-se o comportamento não simplesmente como bom ou mau, legal ou ilegal, mas como moral ou imoral, virtuoso ou pecaminoso. É então reforçado ou punido de acordo. Ou seja, o comportamento virtuoso é reforçado com o Céu enquanto que o comportamento pecaminoso é punido com o Inferno.

Tais reforçadores, recorda Skinner, são muito mais poderosos do que os que sustentam o bom ou o mau do grupo ético ou o legal ou ilegal do controle governamental.

Assim, o comportamento religioso, considerado de maneira geral, pode ser explicado segundo as formas de controle exercidas pela religião enquanto agência controladora. No entanto, quando se considera o (s) comportamento (s) religiosos de uma determinada pessoa é preciso considerar a história de contingências (história de vida) desta pessoa poder compreendê-lo melhor e isto acontece, muitas vezes, durante o processo psicoterapêutico, pois ao longo da vida do indivíduo podem surgir conflitos derivados das várias agências de controle, com os quais nem sempre a pessoa sabe lidar e, devido o sofrimento que isto provoca, procura a psicoterapia.


Valéria Bertoldi Peres

Vitor Pedro Calixto dos Santos
CRP: 06/91521
Especialista em Terapia por Contingências de Reforçamento - ITCR- Campinas

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Projeto CONVIVER

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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Intervenção Comportamental com Indivíduos Autistas

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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PARA PENSAR

Esse é o nome da nova seção do site ITCR - Terapia por Contingencias de Reforçamento.Clique aqui para maiores informações

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Não acredite no comportamento verbal; acredite no que determina o comportamento verbal.

(Hélio J. Guilhardi - 2006 )

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Encontros para Pais de Crianças em Idade Escolar

Informações no site: www.terapiaporcontingencias.com.br

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Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

Rua Josefina Sarmento, 395, Cambuí - Campinas - SP
Fones: (19) 3294-1960/ 3294-8544
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