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Volume 28 - 01/04/09

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A terapia comportamental nos casos de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) surte o efeito esperado de melhora, visto que na maioria das vezes o problema é de origem do inconsciente na qual seria mais apropriada uma intervenção psicanalítica do problema?
(Pergunta enviada ao Jornal Sinal Verde pelo estudante de Psicologia Paulo Ricardo de Almeida Machado, de Cacoal - RO).

Vou iniciar com uma distinção conceitual: dizer que há determinações inconscientes de comportamentos não é a mesma coisa que dizer que comportamentos são determinados pelo inconsciente. Algumas correntes psicológicas (não behavioristas) atribuem ao inconsciente um papel causal. Nesse caso, o termo inconsciente - embora seja uma construção hipotético-teórica - é substantivo. Para o behaviorismo radical, os comportamentos são selecionados por contingências de reforçamento, quer a pessoa esteja ou não ciente de tais contingências. A comunidade verbal é que leva o indivíduo a ficar sob controle consciente de quais são seus comportamentos (auto-observação) e que variáveis (contingências de reforçamento) os determinam. Pode-se falar, então, em contingências de reforçamento conhecidas (podem ser descritas pela pessoa que se comporta sob influência delas) e desconhecidas (a pessoa não está ciente de quais são os determinantes de suas ações e sentimentos). Os termos "consciente" e "inconsciente" podem ser usados como adjetivos que qualificam o status das contingências de reforçamento que estão operando. Note, portanto, que no behaviorismo radical o uso dos termos consciente (com ciência) e inconsciente (sem ciência) é dispensável e não tem nenhum significado causal. As abordagens psicodinâmicas e a behaviorista radical têm conceitos de determinação de comportamentos e sentimentos absolutamente diferentes e irreconciliáveis. São duas maneiras alternativas, que se apresentam ao lado de outras, para a compreensão do ser humano.

A maneira como foi proposta a questão pelo estudante mostra a adesão a alguns pressupostos que podem (e devem) ser discutidos e que não têm que ser aceitos a priori. Os procedimentos adotados pela Terapia Comportamental podem ajudar o portador de TOC a alterar seus padrões comportamentais e sentimentos adversos a eles associados. As mudanças são duradouras e não há a "substituição de sintomas". Evidências podem ser encontradas na literatura especializada e dispenso, nesta breve nota, listar os estudos publicados. Não me furto, porém, de realçar alguns pontos:

  • não existe um único procedimento comportamental que seja eficiente para todos os portadores de TOC. Embora a essência do tratamento consista na prevenção de resposta (de fuga-esquiva), a maneira de implementar o programa varia para cada caso;
  • os procedimentos devem ser individualizados e personalizados, pois cada pessoa e cada família produzem uma rede única de contingências de reforçamento que interagem reciprocamente. Para cada caso, o terapeuta deve criar condições especiais para conduzir o tratamento;
  • o descuido de parâmetros dos determinantes do TOC ou de variáveis que possam parecer secundárias à primeira vista, leva ao fracasso do tratamento ou à reincidência de padrões temporariamente removidos. Isso não significa que o inconsciente se fez presente; mas que há determinações desconhecidas ou desdenhadas que precisam ser levadas em conta e incorporadas para produzir uma análise mais abrangente e uma intervenção apropriada;
  • o TOC é um quadro extremamente complexo e não está plenamente desvendado pela Psiquiatria e pela Psicologia. A integração de procedimentos farmacológicos (em alguns casos, até cirúrgicos) com procedimentos comportamentais tem beneficiado inúmeros clientes e familiares e justifica algum entusiasmo. Não deve haver, porém, entusiasmo exagerado nos casos mais graves e com aqueles que carregam uma longa persistência dos sintomas;
  • o tratamento envolve procedimentos médicos e comportamentais. O tratamento do portador do TOC não deve ser desvinculado de orientação (e até mesmo tratamento) dos familiares. Deve ser conduzido no contexto de consultório e no ambiente natural do cliente e da família;
  • Skinner afirmou que a compreensão de determinado padrão comportamental deve levar em conta as interações entre a história genética, a história de contingências de reforçamento e a rede de contingências de reforçamento presentemente em operação. O estudo do TOC exige extrema integração de tais fatores, conduzida de forma sistemática, paciente, firme, abrangente e apaixonada.

Hélio José Guilhardi

Hélio José Guilhardi
CRP: 06/918
Mestre em Psicologia Experimental pela USP
Diretor do ITCR-Campinas

Jornal - Sinal Verde
Como o analista do comportamento lida com os problemas de aprendizagem escolar sem estigmatizar o indivíduo? E quais os reforços que podem ser passados para os futuros profissionais em Psicologia (futuros analistas do comportamento)?
(pergunta enviada ao Jornal Sinal Verde)

"Dificuldades de aprendizagem" normalmente são localizadas nos alunos, que "não se esforçam" ou "não conseguem aprender" por esta ou aquela razão. Mas as dificuldades, na maior parte das vezes, são o reflexo de uma metodologia de ensino mal sucedida. A pergunta do leitor é muito feliz ao explicitar a justa preocupação em não estigmatizar o indivíduo, pois localizar no interior do aprendiz a força motriz do aprender (os nomes que se dá àquilo que se encontra no interior do indivíduo variam: "força de vontade", "inteligência", "motivação") faz com que os professores se desobriguem da responsabilidade de arranjar condições favoráveis à aprendizagem.

Se o problema está no aluno, se é o aluno que não "quer" aprender, então não há nada que possa ser feito pelo professor. E aí valerá o inverso: terá um desempenho melhor aquele aluno que naturalmente se envolve mais, que tem a dedicação necessária (mas o professor não vê a dedicação do aluno como produto das contingências operando, mas sim como algo intrínseco ao indivíduo).

Skinner é claro quando diz em seu livro Tecnologia do Ensino (1968) que "Ensinar é simplesmente o arranjo de contingências de reforçamento." Como a aprendizagem é produto desse arranjo de contingências, a não-aprendizagem, por conseqüência, também o é. As contingências envolvidas no aprender são principalmente manejadas por aquele que ensina - o professor (cujo papel muitas vezes é desempenhado por um pai zeloso ou uma mãe bem intencionada). Portanto, pode-se concluir que grande parte da responsabilidade sobre o produto de tais contingências é deste professor.

Um bom professor será aquele hábil em manejar contingências de reforçamento (preferencialmente positivas e amenas) que favoreçam a aquisição e manutenção de determinados comportamentos dos aprendizes. Como os alunos não são todos iguais (não aprendem da mesma forma, pois não tem o mesmo repertório inicial ou a mesma história de contingências), melhor resultado obterá o professor que for sensível a essas diferenças, criando contingências distintas de forma a contemplar essas singularidades. Quando os professores reconhecem que têm algum poder de produzir alteração no comportamento dos alunos, geralmente procuram fazê-lo manejando contingências coercitivas. Os alunos fazem aquilo que o professor propõe para se esquivarem de possíveis punições apresentadas por ele. O professor apresenta as punições para se esquivar de comportamentos dos alunos que lhe são aversivos. Tais contingências coercitivas associam-se a sentimentos de ansiedade que conflitam com a aprendizagem de novos comportamentos ("aprendo porque devo"). Por outro lado, investir em contingências de aprendizagem nas quais o aluno gere conseqüências naturalmente reforçadoras ao aprender seria uma alternativa que produziria alunos mais livres, criativos e comportando-se de forma responsável, com a vantagem de tudo isso associar-se a sentimentos de felicidade e satisfação ("aprendo porque gosto").

O papel dos pais não deve ser desprezado no processo de desenvolvimento acadêmico e de aprendizagem do filho. O professor sozinho não terá sucesso, se sua atuação não for integrada de forma harmoniosa com a participação ativa dos pais. O aluno-filho faz parte de um processo interativo com o professor-escola e com os pais-família. Todos se complementam e se influenciam reciprocamente.


Renata Cristina Gomes
CRP 16/2004
Mestrado em Psicologia Experimental pela USP
Professora da Faculdade Salesiana de Vitória

Jornal - Sinal Verde
I Encontro de Atualização em Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR) - 30/maio/2009

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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Projeto CONVIVER

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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Intervenção Comportamental com Indivíduos Autistas

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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PARA PENSAR

Esse é o nome da nova seção do site ITCR - Terapia por Contingencias de Reforçamento.Clique aqui para maiores informações

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Behaviorismo não é a ciência do comportamento humano, é a filosofia dessa ciência.

(Skinner, 1974, About Behaviorism, p.3)

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Encontros para Pais de Crianças em Idade Escolar

Informações no site: www.terapiaporcontingencias.com.br

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Nova Programação no ITCR:

Cine ITCR - Exibição e Análise de filmes
Longe Dela - Dia 07/04/2009, às 19h.
Inscrições no site: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/eventos.php

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Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

Rua Josefina Sarmento, 395, Cambuí - Campinas - SP
Fones: (19) 3294-1960/ 3294-8544
Clique aqui para entrar em contato

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