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Volume 27 - 09/03/09
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Como a analise do comportamento entende a depressão infantil? (pergunta enviada pela estudante de psicologia Simone - São Miguel do Iguaçu - PR)
A depressão é um sentimento produzido em pessoas que não possuem um repertório de comportamentos adequados para criar situações que tragam prazer e satisfação em suas vidas, nem para lidar com momentos difíceis que possam enfrentar e superar (ou amenizar).
A criança também está susceptível a esse sentimento, pois está vivenciando pela primeira vez muitas situações e aprendendo como pode se comportar em cada uma delas. Essas mudanças ambientais e novas experiências, como por exemplo, o nascimento de um irmão, a entrada na escola, ou a perda de um parente querido, podem levar tanto a um aprendizado adequado e produtivo para a criança, como podem instalar comportamentos indesejáveis, como aqueles que compõem os sintomas da depressão infantil.
Alguns comportamentos típicos são utilizados como indicadores de uma "depressão infantil", tais como alterações de humor, autodepreciação, perda da capacidade de reação, isolamento social, agressividade e irritação, queda no desempenho escolar, hiperatividade, etc.
Quando os pais levam um filho para iniciar uma psicoterapia e a queixa ou diagnóstico apresentado é de depressão infantil, o psicoterapeuta comportamental leva em consideração essa informação, mas não fica sob controle somente disto, porque o simples diagnóstico não traz as informações relevantes para o tratamento. O principal enfoque da psicoterapia está nas relações que a criança estabelece em seu ambiente, na avaliação de cada comportamento tido como um sintoma do quadro depressivo, para entender como foi instalado e qual sua função atual, e a partir disso, propor as alterações necessárias que trarão mudanças positivas no repertório da criança, proporcionando que ela se comporte de maneira a produzir seus próprios reforçadores e a afastar aquilo que é desagradável em sua vida.
O papel da família, em particular dos pais, é fundamental na prevenção da depressão infantil. Pais presentes, acolhedores, participativos e que sabem promover o filho, ao mesmo tempo em que sabem lhe dar limites e fazer exigências plausíveis para os diferentes estágios de desenvolvimento, contribuem para uma infância afetiva e emocional mais saudável. Ao contrário do que muitos pensam, excesso de bens materiais e ausência de limites podem levar a quadros depressivos. Mas esse é tema para outro momento.
Portanto, a análise do comportamento entende a depressão infantil como um conjunto de comportamentos não adaptativos, que dificultam ou não permitem que a criança tenha acesso aos reforçadores positivos disponíveis em seu ambiente, bem como não a habilitam a se afastar ou a eliminar os estímulos aversivos que possam se apresentar em sua vida.
Iara Araujo Miorim
CRP: 06/86701
Gostaria de saber como a analise do comportamento entende a psicossomatica? (pergunta enviada pela estudando de psicologia Simone - São Miguel do Iguaçu -PR)
A Medicina Psicossomática não é uma especialidade, mas uma forma de abordar o Ser Humano em suas doenças. O conceito vem evoluindo desde 1918 com Heintoth, passando pelas descobertas de Freud sobre a histeria e depois pelo Behaviorismo com o estudo do stress. Atualmente a psicossomática entende o Ser Humano como um ser biopsicossocial, assim, lança mão de várias especialidades (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas etc.) no tratamento de uma "enfermidade". Fica claro que a psicossomática divide o Ser Humano em "mente" e "corpo", e busca entender as relações e influências entre um e outro ponto dessa divisão. A análise do comportamento não faz essa divisão, pois entende que os comportamentos e emoções são produtos das contingências às quais o Ser Humano está exposto. Definimos três níveis de variação e seleção dos comportamentos do SH: filogenético (próprio da espécie, ou seja resultado da evolução da espécie), ontogenético (resultado da história de contingências do individuo com o meio a que se relaciona) e cultural (os costumes de uma sociedade determinando quais comportamentos são mais esperados e reforçados). Contingências aversivas de longa duração atuando sobre um organismo que não tem repertório comportamental para se esquivar e contra-controlar as contingências aversivas ao seu redor, podem desenvolver alterações fisiológicas nesse organismo o que levaria às chamadas doenças psicossomáticas. Por exemplo, um organismo que vive em constante expectativa de punição, para qualquer comportamento que possa emitir, vinda de pai, mãe, marido, chefe etc. estará sob uma contingência de ansiedade constante. Tal contingência produz alterações no sistema neurovegetativo do organismo preparando-o para a fuga, eliciando, por exemplo, aumento dos batimentos cardíacos, aumento da pressão, aumento do ritmo respiratório, descarga de adrenalina etc. Essas alterações acontecendo de forma duradoura podem causar modificações no funcionamento fisiológico e até mesmo nas estruturas normais do organismo; assim a doença se instala. Veja que não é a emoção ansiedade que causou essas mudanças, mas as contingências que estão operando sobre o organismo e que o levam a funcionar de forma alterada por longos períodos ou com excessiva freqüência. Ai está a maior diferença entre a psicossomática e o behaviorismo radical, este último entende que tanto a emoção quanto as alterações no sistema neurovegetativo (batimento cardíaco acelerado, aumento da pressão etc) além dos comportamentos (poderíamos chamar "as atitudes" de uma pessoa), são controladas pelas contingências que estão operando sobre essa pessoa. A psicossomática diz que a emoção, que é fruto das contingências, vai produzir as alterações no organismo, ou seja, a doença. Para o behaviorismo o que tem que ser mudado são as contingências e não as emoções, já que as contingências de reforçamento que produzem alterações fisiológicas, emoções, doença são as mesmas. As contingências, usando uma linguagem tradicional, são as "causas" das perturbações psicossomáticas.
Moises Krahenbuhl
CRP: 06/33531-2
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(B. F. Skinner)
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