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Volume 25 - 14/01/09

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Jornal - Sinal Verde
Como a mãe e a família devem agir com os filhos de um casal que acaba de se separar? (Pergunta enviada ao jornal Sinal Verde por Lucia Ferraresi - Jundiaí-SP)

A separação dos pais em geral é um processo doloroso para os filhos e que se não for conduzida de maneira adequada pode ser ainda pior. Em primeiro lugar deve ficar claro para os filhos que, juntos ou separados, os pais continuarão sendo sua família. Não é porque o casamento não deu certo que não existe mais uma família. Os filhos devem estar cientes do processo que levou ao desfecho do casamento, porém não necessariamente precisam saber dos detalhes desse desfecho, pois pode ser doloroso para os filhos serem expostos a alguns desses detalhes. O relacionamento do casal acabou, havia muitos desentendimentos, não existe mais o amor entre marido e mulher, enfim, o ideal é que a criança entenda que a melhor solução foi a separação e que ela não tem culpa disso. Muitas vezes, nem mesmo os pais devem ser considerados culpados, pois errar é diferente de ser culpado pelos erros.

Outro ponto importante é que os pais devem deixar os filhos à vontade para expressarem o que pensam, o que sentem e facilitar a vida da criança nesse momento. Podem existir duas casas a partir de então, a do pai e a da mãe, e em cada uma é bom haver pertences da criança para ela não se sentir deslocada; no entanto, é essencial uma das casas ser a base fixa. Mas pode ser que o fim do casamento tenha acontecido de modo conturbado (agressões entre os pais, um já não fala mais com o outro, abandono da família por um dos pais) e que não haja mais contato com o membro que deixou a família. Pode ser melhor para o desenvolvimento sadio dos filhos e para a harmonia da família não ter mais essa pessoa por perto. É uma decisão difícil, mas o contato honesto com a realidade é mais construtivo do que induzir a criança a elaborar fantasias na direção de que o outro é pior ou melhor do que realmente é!

Os acordos entre os pais são importantes desde o início. O tempo que os filhos passarão com cada um e a pensão alimentícia devem ser estabelecidos, a fim de não haver desavenças a partir de um futuro próximo. Hoje já vigora a lei da guarda compartilhada (Lei n° 11.698/2008), que dá o direito aos pais que estiverem em processo de separação da opção por ambos dividirem responsabilidades e despesas quanto à criação e educação dos filhos. É importante também os pais evitarem a qualquer custo colocar os filhos no meio de uma guerra, uma disputa em busca de favorecer seu lado no meio deste embate.

Novos relacionamentos podem surgir, namoros ou casamentos, e deve-se dar à criança o tempo que ela precisa para se aproximar da nova pessoa. Essa aproximação deve ser gradual para a criança se sentir à vontade aos poucos. Um passeio fora de casa para começar não é nada mau, depois visitas esporádicas em casa. Mais pra frente já é hora de dizer que a pessoa é o novo parceiro do pai ou da mãe. Não é adequado "forçar a barra" para que haja a aceitação de início. É importante frisar que o novo parceiro do pai ou da mãe não irá substituir ninguém.

Nos casos mais difíceis, é essencial procurar ajuda psicoterapêutica. A Terapia por Contingências de Reforçamento pode ser um instrumento facilitador deste processo na vida dos pais que estão em processo de separação ou para aquele mais interessado no seu bem-estar e no dos filhos. A psicoterapia também possibilita para os filhos o desenvolvimento de repertório para lidar com as novas situações e com os sentimentos. Eventualmente, pode ser indicada psicoterapia familiar, para os casos em que seja plausível e recomendável diálogo mais abrangente envolvendo todos os membros da família. Ao contrário do que se pensa, a psicoterapia familiar se destina a famílias que ainda têm uma vivência funcional como família e não uma composição formal, ou seja, mesmo que os pais já estejam separados, pode ser apropriada uma psicoterapia familiar (outras vezes, nem mesmo quando ainda estão juntos tal dinâmica psicoterapêutica é sensata, como, por exemplo, nas interações em que há muita agressão!).


Anna Paula Badellino

Ana Paula Gouveia Denipote
CRP: 06/82879
Especialista em Terapia por Contingências de Reforçamento - ITCR Campinas

Jornal - Sinal Verde
Como a terapia comportamental atua, não só para com os cuidadores como também com os pacientes com mal de Alzheimer?
(Pergunta enviada ao jornal sinal verde pela estudante de psicologia Camila Vannucchi - Araraquara)

A Doença de Alzheimer (DA) é progressiva, degenerativa e compromete funções neurológicas afetando a memória, o comportamento, a linguagem, o raciocínio, as habilidades intelectuais e motoras. Instala-se lentamente levando de cinco a quinze anos entre o início e o óbito e é mais freqüente nas pessoas acima de 65 anos. Devido a esse fator, muitas vezes ocorre atraso no diagnóstico, uma vez que os primeiros sintomas podem passar despercebidos, tanto pela pessoa afetada como pela família e pelos amigos, por serem erroneamente considerados como comportamentos inerentes ao envelhecimento.

A DA passa por 3 estágios numa evolução incapacitante: leve, moderado e grave. No inicio há uma leve perda de memória que atrapalha o pensamento, depois vem um período caracterizado por desorientação constante, grande dificuldade para tomar decisões ou mesmo conversar, daí para frente os sintomas se agravam. Cada uma dessas fases trará ao portador da doença limitações nas áreas acima descritas e exigirão dos familiares e cuidadores ações específicas.

A terapia por contingências de reforçamento TCR atua tanto com os portadores como com os familiares.

  • Esclarece e orienta com relação às limitações apresentadas pelos portadores da doença, quanto à execução das atividades de vida diária, as quais, gradualmente comprometem sua independência, levando-os à necessidade de auxílio por parte de outras pessoas, inclusive para tarefas simples do dia a dia.
  • Auxilia na criação ou ampliação de repertórios por parte dos familiares para lidarem de maneira adequada com os transtornos não cognitivos, ou alterações de comportamento, que podem surgir na evolução da doença e que muitas vezes são responsáveis pela sobrecarga de trabalho dos mesmos.
  • O papel da família é de extrema importância para a orientação adequada do portador de Alzheimer. Deve haver uma boa interação entre os familiares para que haja participação de cada membro na divisão de tarefas, evitando sobrecargas e orientações contraditórias.
  • Os portadores da doença não devem ser excluídos das reuniões festivas e precisam ser tratados com carinho e atenção. Sendo assim, é importante um trabalho de conscientização com todos os membros da família, para que possam compreender determinadas alterações de comportamento, tais como, agitação e agressividade, e saibam lidar de maneira adequada com elas. O afeto e a presença dos familiares, associados ao tratamento farmacológico, podem controlar certas alterações comportamentais apresentadas pelos portadores na evolução da doença.
  • Atividades de lazer anteriormente realizadas com prazer pelo portador, possuem maior probabilidade de serem realizadas por um longo período, desde que monitoradas. Contatos com pequenos animais de estimação, plantas e algumas atividades lúdicas têm sido apontados por diversos pesquisadores como benéficas, desde que sejam sempre supervisionadas.

Do ponto de vista do comportamento, o portador apresenta algumas alterações, como a falta de iniciativa, ou apatia, especialmente na fase inicial da doença. Nesse caso, o psicoterapeuta, especialista em TCR, pode orientar os familiares a estimular o cliente para envolver-se em alguma atividade para a qual ele ainda apresente repertório. Por exemplo, solicitar a sua ajuda para a realização de alguma tarefa simples, convidá-lo para um passeio, estimulando o diálogo e evitando comentários desabonadores com pessoas amigas ou parentes a respeito da doença. Pequenos artifícios, tais como, etiquetas indicadoras "banheiro", (para diferenciar as portas), "meias" (para indicar a gaveta correta), talheres, etc. podem ajudar na rotina da pessoa.

É importante manter o médico informado dos déficits e dificuldades apresentados pelo portador, porém o relato de possíveis falhas deve ser feito de maneira a evitar que o portador sofra constrangimentos e se magoe, uma vez que muitas vezes lhe falta a percepção do próprio déficit.

Em um estágio mais avançado da doença é comum o portador apresentar delírios e, por exemplo, interagir com personagens da TV. Neste caso, o psicoterapeuta deve orientar os familiares e as pessoas com as quais o portador interage a não puni-lo.

Outro aspecto importante a ser orientado é que os portadores da DA não devem jamais sair sozinhos, pois devido à desorientação espacial, podem considerar estranhos itinerários anteriormente conhecidos. Isso aumenta a probabilidade de eles se perderem. O psicoterapeuta pode orientar a família a colocar dados de identificação no portador para evitar situações de transtornos de ambas às partes. Estas são algumas ações e orientações que podem fazer parte do trabalho do psicoterapeuta especialista em TCR aos familiares e portadores da DA. Orientações específicas podem ser realizadas em relação a situações de risco, vestuário, cuidado pessoal, sono e repouso, porém vão depender do estágio da doença e recursos dos familiares.

Concluindo, à medida que a doença for evoluindo, situações de risco vão aumentar em intensidade e freqüência. Conseqüentemente, serão exigidos por parte dos familiares atenção e cuidados constantes. Portanto, é importante e necessário que os familiares busquem o contato com os grupos de apoio ao doente de Alzheimer, onde encontrarão modelos de vivências que os ajudarão a enfrentar os desafios desta jornada de amor e desprendimento que é cuidar de portadores dessa doença.


Conceição Aparecida dos Santos Covre Batista

Conceição Aparecida dos Santos Covre Batista
CRP: 06/ 8170
Especialista em Psicologia Clínica - PUCCamp
Especialista em Terapia por Contingências de Reforçamento

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Abertas as inscrições para a Turma 2009 do Curso de Especialização em Psicologia Clínica: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR)

Informações:www.terapiaporcontingencias.com.br

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PARA PENSAR

Esse é o nome da nova seção do site ITCR - Terapia por Contingencias de Reforçamento.Clique aqui para maiores informações

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"Só existe diálogo quando há uma interação equilibrada entre controle e contracontrole. Se não houver equilíbrio, haverá opressão, submissão ou indiferença."

(Hélio J. Guilhardi - 10.05.2008)

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Encontros para Pais de Crianças em Idade Escolar

Informações no site: www.terapiaporcontingencias.com.br

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Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

Rua Josefina Sarmento, 395, Cambuí - Campinas - SP
Fones: (19) 3294-1960/ 3294-8544
Clique aqui para entrar em contato

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