Diálogo com a comunidade - Jornal Sinal Verde
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Volume 5 - 24/09/07
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Como a TCR vê a homossexualidade?
(Perguntas enviadas por um estudante de Psicologia).
Sua questão põe em pauta um tema super complexo, atual e que precisa ser discutido amplamente. De acordo com nosso referencial conceitual, não existe, dentro da pessoa, uma entidade (uma abstração conceitual!) chamada homossexualidade, a qual seria responsável pelos atos, fantasias, desejos, sentimentos etc. homossexuais. O que existem são comportamentos e sentimentos que podemos, provisoriamente, rotular com o adjetivo homossexual, sem que tal adjetivo implique em nenhum julgamento ético ou de valor moral. Os comportamentos e sentimentos homossexuais são instalados e mantidos como qualquer outro comportamento. São regidos, em suma, pelas mesmas leis e pelos mesmos princípios fundamentais que explicam as ações humanas. Nada os torna peculiares, nem idiossincráticos. Uma questão (não respondida de maneira convincente pela Ciência, até o momento) que se pode propor é se a suscetibilidade aos reforços sexuais é determinada pela constituição genética da pessoa ou é adquirida durante o processo de desenvolvimento comportamental, cognitivo e afetivo da pessoa, através de práticas sociais, culturais e familiares. Mas, sugerir tal dicotomia ("nature" ou "nurture"), não parece um caminho promissor. É mais compatível com o que se conhece sobre os determinantes dos comportamentos e sentimentos humanos enfatizar a influência recíproca, a interação entre os eventos biofisiológicos e ambientais. Como tal, não existe uma única causa ou determinante para os comportamentos homossexuais. São comportamentos multideterminados por complexa teia de contingências de reforçamento, que se influenciam através do desenvolvimento de cada ser humano e que vão formando pessoas em contínuo processo de transformação, e não homossexuais, como uma entidade substantiva que existe à parte dos outros seres humanos. Todos somos especiais, individuais, originais, diferentes uns dos outros e essa variabilidade, que nunca se repete, vai compondo a humanidade. Como conseqüência do exposto, qualquer valorização crítica dos comportamentos homossexuais expõe preconceitos de pessoas e de instituições.
Qual o procedimento clínico com um paciente que se descobre homossexual, mas não sabe o que fazer?
Em relação a esta questão, pode-se afirmar que não há tratamentos padronizados, pois o psicoterapeuta lida com diferentes pessoas, as quais, em função da sua história individual de exposição às contingências de reforçamento, tiveram um desenvolvimento particular e requerem um relacionamento psicoterapêutico único. O psicoterapeuta não trata homossexuais, nem a homossexualidade. Ele lida com pessoas que apresentam tais e tais comportamentos, que são aversivos a elas próprias ou que produzem nelas sofrimento. Na queixa por você proposta, posso supor que a pessoa em questão deve ter sido exposta durante a sua vida a condições coercitivas significativas, as quais inibiram o desenvolvimento de algumas classes comportamentais, tais como livre expressão do que sente e pensa, prontidão para viver de acordo com seus próprios critérios, ao lado de excessiva preocupação com o que os outros pensam dela, bem como dificuldades para se comportar de maneiras (que imagina) que possam magoar as pessoas. Devem lhe ser próprios pensamentos, crenças e auto-regras que revelam dificuldades nas interações interpessoais, as quais, por fim, dão origem a excesso de comportamentos de fuga-esquiva inadequados. Em suma, é uma pessoa que se comporta sob a influência de regras formuladas por outrem e de auto-regras cerceadoras, mais do que sob influência, sem censura prévia, das conseqüências que os comportamentos emitidos produzem. É uma pessoa, possivelmente, com sentimentos de baixa auto-estima. O processo psicoterapêutico deverá levar o cliente a lidar de maneira competente com os controles coercitivos atuais, a superar seus déficits ou excessos comportamentais inadequados produzidos pela sua história de vida em contato com as contingências aversivas, a aprender a se comportar de modo a produzir conseqüências reforçadoras positivas para si mesmo (sempre evitando fazê-lo em detrimento do outro). O enfoque fundamental consiste em promover e libertar a pessoa em relação ao controle coercitivo interno e injusto, quer contingente a qualquer comportamento, com um enfoque abrangente, quer contingente a comportamentos homossexuais, com preocupação específica. Tem-se como objetivo último libertar a pessoa dos grilhões do controle coercitivo, que produzem dúvidas, inibições, medos, fobias, auto-avaliações neuróticas e, ao mesmo tempo, fortalecer nela a busca genuína de seus valores - aquilo que lhe é reforçador -, imersa em sentimentos de satisfação, bem-estar e elevada auto-estima.
Hélio José Guilhardi
CRP: 06/918
Mestre em Psicologia Experimental pela USP
O que causa o stress e o que posso fazer para lidar melhor com ele no meu dia-a-dia?
Primeiramente é necessário afirmar que o stress sempre foi fundamental para a sobrevivência de nossa espécie. Humanos muito calmos morreram antes de deixar descendentes. Assim, alterações fisiológicas e comportamentais a que a pessoa é submetida em situações perigosas, como de fuga de predadores e de reação rápida a eventos perigosos, são essenciais para que o indivíduo sobreviva e passe suas características a seus descendentes.
Dentre essas alterações podemos ressaltar: aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial, aceleração da respiração, aumento da tensão muscular, aumento da sudorese e outras. Com relação às alterações comportamentais constatou-se que o indivíduo em estado de alerta tende a ficar atento aos fatores importantes para a resolução do problema ao qual está exposto. Seja ele, terminar uma planilha antes que o chefe reclame ou preparar um plano de fuga numa rua perigosa.
No entanto, o stress se torna um problema se há manifestações desproporcionais em: intensidade, duração e freqüência em que ocorrem. Nesse caso, pode-se observar interferência no desempenho, ou seja, o indivíduo produz menos, com mais erros ou simplesmente pára de produzir. Muitas vezes a atenção deixa de ser focada no trabalho em si e é voltada para atividades sem relevância. Além disso, pode haver paralisação momentânea em situações extremas nas quais não há ações possíveis que cessem o estímulo aversivo.
Alguns sinais de que o stress está virando um problema são alterações como: dificuldade de concentração, lentificação da atividade em curso, dificuldade de aprendizagem, desmotivação, perturbações do sono, impaciência e cansaço. Nesses casos, pode haver também depressão e transtornos de ansiedade - aí é importante que se procure ajuda profissional de um terapeuta. Em outros, dependendo de algumas variáveis, pode haver concomitantemente desequilíbrios no corpo. Os mais comuns são nos sistemas cardiovascular, digestivo e imunológico.
Mas o que podemos fazer para mudar a situação quando percebemos que o stress virou um problema? Em muitos momentos não conseguimos identificar facilmente as situações que realmente nos causam estresse. Para isso, uma boa solução, é fazer terapia comportamental; mas uma boa dica é prestar atenção no nível de tensão muscular. Músculos tensos significam stress. Tente relacionar esse estado corporal ao que está acontecendo no momento. Isso o ajudará a se tornar consciente de quais estímulos desencadeiam o stress.
Existem também técnicas de relaxamento eficazes para auxiliar no desenvolvimento de consciência e controle corporal. Esse pode ser o primeiro passo na busca de um melhor manejo do stress no dia-a-dia. Além disso, é necessário que haja uma rotina saudável incluindo atividade física, lazer, boa alimentação e, depois de tudo isso, uma boa noite de sono.
Pedro Quaresma Cardoso
CRP: 06/83140
Cursando Especialização em Terapia por Contingências de Reforçamento
ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA A TURMA 2008 DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COMPORTAMENTAL - TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO
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"Como as pessoas se sentem é, geralmente, tão importante quanto o que elas fazem."
(Skinner, 1989, Recent Issues in the Analysis of Behavior, p.3)
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