Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)
“SOU 8 OU 80”: DÉFICT NO REPERTÓRIO DE AUTOCONTROLE E EXCESSO DE RESPONSABILIDADE
FERNANDA BRUNKOW
Sabrina Saito
ITCR-CAMPINAS
Amanda (21) era filha de Carla e Paulo, separados há dois anos à época do início da psicoterapia. Morava com a mãe e dois irmãos mais novos: Marcelo (16) e Daniel (8). Daniel era portador de encefalocele e demandava cuidados especiais. Amanda estava no último ano do curso de fisioterapia e trabalhava 44 horas semanais em uma clínica de estética. As queixas relatadas pela cliente foram: ansiedade, períodos alternados de alto e baixo engajamento nas atividades e dificuldades para manter relacionamentos amorosos. As principais dificuldades da cliente identificadas pela psicoterapeuta foram: déficit no repertório de autocontrole, emissão de comportamentos inassertivos, excesso de comportamentos de alta exigência consigo e com os outros e excesso de responsabilidade e controle. A partir da história de Contingências de Reforçamento (CR) foi possível identificar dificuldades financeiras na família e modelos parentais que contribuíram para o desenvolvimento do repertório extremamente responsável da cliente que trabalhava intensamente desde os 16 anos e assumia responsabilidades das colegas no trabalho e na faculdade. Após a separação dos pais, Paulo ficou ausente e a mãe passou a cobrar Amanda em relação a funções parentais. Amanda acolhia a demanda como sua responsabilidade e executava bem estas funções mantendo o padrão dos pais de solicitarem ajuda. Assim, a curto prazo Amanda emitia comportamentos de esquiva das cobranças e conseguia melhorar a qualidade de vida dos irmãos. Por outro lado, a médio e longo prazo Amanda sentia-se ansiosa e cansada pelo excesso de tarefas. Em outros contextos como na alimentação e finanças, a cliente emitia o mesmo padrão de comportamento controlado por consequências de curto prazo que produzia consequências aversivas no médio e longo prazo. Além do excesso de atividades, Amanda exigia-se em relação a aparência e desempenho na faculdade e trabalho sentindo-se constantemente frustrada. Esta mesma exigência ocorria na relação com as pessoas, gerando conflitos interpessoais. Tais exigências eram ainda mais intensas nos relacionamentos amorosos. Os principais objetivos da psicoterapia foram: levar a cliente a discriminar as consequências a curto e longo prazo de seu comportamento, desenvolver repertório de comportamentos funcionalmente assertivos, reduzir nível de exigência consigo e com o outro, reduzir controle sobre as relações. Os procedimentos utilizados envolveram: descrição de contingências em operação, instrução verbal, modelagem e modelação. Como resultado, Amanda passou gradativamente a emitir comportamentos controlados por consequências a longo prazo, começou a ser mais assertiva nas interações sociais, reduziu o excesso de responsabilidade nas relações familiares, reduziu exigência consigo e com o outro e aumentou a emissão de comportamentos controlados por consequências reforçadoras positivas amenas.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR) autocontrole; responsabilidade; comportamentos assertivos.
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