Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)

 

AMPLIANDO REPERTÓRIO DE COMPORTAMENTOS DE AUTOCONTROLE A PARTIR DA ALTERAÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO NA VIDA DE UMA MORADORA DE PERIFERIA -  ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

SAMARA FERNANDA DOS SANTOS

Eliana Leite Bastos

ITCR - Campinas

Daniela (36) era filha adotiva de Jade (64) e Helton (62) e irmã de Daniel (37), também adotivo. Mantinha um relacionamento amoroso com Ademar (26), com que considerava-se casada, mas devido a motivos financeiros, ela morava com os pais. Daniela residia em um bairro periférico, estava recebendo auxílio doença pelo INSS devido a tendinite. As queixas iniciais foram de “depressão”, medo de andar de moto, dificuldade para se expressar, insônia e ausência de condição financeira que possibilitasse que a cliente e o marido voltassem a morar juntos e pudessem “melhorar de vida”. Durante os atendimentos, a psicoterapeuta identificou que a cliente apresentava déficit nos repertórios de comportamentos que produzissem reforçadores positivos sociais ou eliminassem eventos aversivos sociais de forma adequada nas relações com pessoas da vida cotidiana (inassertividade); emitia frequentes respostas de fuga-esquiva de responsabilidades; tinha dificuldade para manter-se engajada em atividades com alto custo de respostas; possuía repertório elaborado de tatos distorcidos com função de fuga-esquiva de possíveis punições sociais (mentia e evitava falar sobre temas que pudessem gerar punições sociais); e déficit no repertório de comportamentos que produzisse reforço positivo contingente ao comportamento do outro. Os objetivos do processo psicoterapêutico foram: promover vínculo terapêutico e assim aumentar o controle exercido pela psicoterapeuta sobre o comportamento da cliente; ampliar o repertório social de forma a produzir reforçadores positivos e eliminar estimulação aversiva nas interações sociais; ampliar repertório de respostas de responsabilidade e estabelecer controle discriminativo que evocasse essa classe; alterar as CRs e diminuir a frequência de comportamentos de tristeza e seus correlatos; desenvolver repertório de comportamentos de autocontrole (principalmente em relação ao trabalho); ampliar repertórios de comportamentos que permitissem a entrada e manutenção nos empregos; fortalecer classes de respostas com possível função reforçadora positiva contingente ao comportamento do outro; e enfraquecer emissão de tatos distorcidos. Alguns dos procedimentos utilizados nas sessões de psicoterapia foram: instruções verbais, ensaios comportamentais, descrição das CRs e análises funcionais dos seus produtos (comportamentos respondentes e operantes), reforçamento diferencial dos comportamentos desejados.  Ao longo de 14 meses de atendimento, a cliente apresentou ampliação no repertório social e passou a produzir reforçadores positivos naturais para si e para outros; desenvolveu repertório de comportamentos da classe de “assertividade”; apresentou classes de respostas de comprometimento e responsabilidade; diminuiu a frequência de emissão de comportamentos caracterizados como desânimo e insônia; emitiu respostas de autocontrole e engajou-se na procura por trabalho; permaneceu oito meses no mesmo emprego, além de ter aumentado a frequência de emissão de respostas com função reforçadora positiva diante dos comportamentos desejados de pessoas do convívio.

Palavras-chave: Periferia; autocontrole; depressão; Contingências de Reforçamento, TCR.