Atividade: Sessão coordenada

 

"SERÁ QUE ESTÁ CONTAMINADO?" - ESTUDO DE CASO CLÍNICO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

VALÉRIA BERTOLDI PERES
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Este trabalho refere-se ao relato de um caso clínico em TCR, com objetivo de analisar quais Contingências de Reforçamento (CR) mantinham respostas supersticiosas. A cliente, Rafaela (36), professora com formação superior em letras, solteira, morava com os pais e tinha um irmão mais velho que era casado e tinha dois filhos. A queixa inicial da cliente referia-se ao diagnóstico de TOC que tinha desde os 18 anos quando teve a primeira “crise”. Rafaela dizia que era muito difícil conviver com os pensamentos e ter que realizar tantos rituais (lavar o cabelo várias vezes em um banho, se ensaboar três vezes no banho, encontrar qual melhor dia para fazer exames médicos ou ir ao dentista para não contaminar o dia), os quais a levaram a diminuir os contatos com as pessoas e a ficar a maior parte do tempo em casa. As principais dificuldades da cliente eram o excesso de comportamentos governados por regras supersticiosas (por exemplo, na sala dos professores se sentava sempre na mesma cadeira e saia da sala quando o assunto era sobre praia e mar), as quais dificultavam que Rafaela se socializasse com os colegas de trabalho, ficando restrita ao contato com os pais. O padrão comportamental familiar foi bastante coercitivo para Rafaela, pois os pais eram exigentes, principalmente com o desempenho escolar na infância e nas tarefas que ela precisava realizar em casa. Os pais hoje mantêm forte controle sobre os comportamentos de Rafaela. A psicoterapeuta traçou os seguintes objetivos: ensinar a cliente a discriminar as CR em operação; a discriminar que os pensamentos supersticiosos apenas a desgastavam e não atingia seu objetivo final (eram descrições disfuncionais das CR); ensinar os conceitos da Análise do Comportamento; instalar classes de comportamentos para busca de reforçadores positivos: ampliando o ambiente social, melhorando a qualidade da relação com os colegas de trabalho e com outras pessoas de sua convivência. Para atingir esses objetivos utilizou-se análise das CR, instrução verbal e exposição da cliente as CR coercitivas que desencadeavam os pensamentos supersticiosos e orientação aos pais. Alguns resultados foram observados após a aplicação dos procedimentos: Rafaela voltou a dar aulas; diminuiu alguns dos rituais como o tempo do banho; passou a se relacionar com os colegas de trabalho trocando experiências de dentro da sala de aula; iniciou uma atividade física em grupo e os pais passaram a exigir menos de Rafaela em relação às atividades em casa e incentivá-la a sair e a voltar a estudar. A cliente continua em atendimento.

 

Palavras–chave: TOC; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); regras.