Atividade: Sessão coordenada
TOMANDO AS RÉDEAS DA PRÓPRIA VIDA A PARTIR DA APRENDIZAGEM DE COMPORTAMENTOS ASSERTIVOS – UM ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
THAIZE REIS
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Joana (44) procurou psicoterapia, pois estava apresentando dificuldades em se relacionar com os colegas de trabalho, os professores de uma escola pública onde lecionava Língua Portuguesa. Três anos antes, ela havia sido demitida de uma escola privada por ter enfrentado problemas com o coordenador. Os problemas ocorreram em função de a cliente ter se recusado a rever a nota baixa com a qual avaliara uma aluna, mesmo após a sugestão da coordenação para que o fizesse. Essa situação gerou desconforto não só entre Joana e a coordenação, mas também entre ela e os demais professores. No momento em que procurou psicoterapia, ela estava enfrentando dificuldades em se relacionar socialmente com os colegas do trabalho atual, o que a fez ter “medo de que a situação se repetisse”. Ao longo das sessões, observou-se que Joana apresentava altas exigências de desempenho em relação a si própria e aos outros (o que envolvia também os alunos). Era excessivamente controlada por regras, apresentava excesso de comportamentos de fuga-esquiva e inassertivos (e por vezes, agressivos), tanto no trabalho quanto no ambiente familiar. Exemplos de comportamentos de fuga-esquiva podem ser encontrados no relacionamento com a mãe, a quem visitava todos os finais de semana para escapar das possíveis consequências aversivas que essa aplicaria caso a filha não comparecesse às reuniões familiares. Joana era casada há 20 anos, tinha três filhas e queixava-se que o marido era quem tomava as decisões referentes à família, na maioria das vezes, sem consultá-la. Esse comportamento do marido a incomodava, porém Joana não dizia isso a ele, o que pode ser identificado como um exemplo de comportamento inassertivo. A intervenção com Joana envolveu a análise das contingências de reforçamento (CR) aversivas às quais estava exposta, das CR às quais estava respondendo quando se comportava de determinada maneira e como seus comportamentos contribuíam para a manutenção da situação aversiva. Assim, por exemplo, analisou-se que o fato de concordar com as decisões do marido, ainda que não achasse que ele estava tomando a melhor decisão, era um comportamento que tinha como função fugir de críticas ou outras consequências aversivas que o marido podia aplicar. Concomitantemente, foram apresentados à cliente outros modelos de como se comportar. Buscou-se, dessa forma, instalar comportamentos assertivos, como dizer sua opinião (para o marido, principalmente) e dizer não, tanto para a mãe quanto no ambiente de trabalho. A psicoterapia teve início em novembro de 2013 e a cliente mantém-se em atendimento ainda hoje. Resultados preliminares mostraram que Joana passou a apresentar mais comportamentos assertivos, expressando sua opinião ao marido ou em reuniões de trabalho. Joana também deixou de frequentar a casa da mãe todos os finais de semana, passando a visitá-la quando tinha disponibilidade.
Palavras–chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); contingências aversivas; comportamentos de fuga-esquiva; comportamentos inassertivos.