Atividade: Sessão coordenada
O CONFLITO ENTRE ORIENTAÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS DISTINTAS PARA OS PARCEIROS NO DESFECHO DA TERAPIA DE CASAL: O PAPEL DE MEDIADOR DO PSICOTERAPEUTA COM ORIENTAÇÃO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
TATIANA LANCE DUARTE
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Os clientes chamam-se Marcelo e Paula. Marcelo, (36), pós-graduado, bem sucedido profissionalmente, viajava à trabalho pelo menos 1 vez por mês, casado há 05 anos com Paula. Ela, (34), cuidava da casa e trabalhava como professora de Educação Física, mas sentia-se infeliz na profissão. Queixa inicial de Marcelo: “Hoje o principal gatilho para procurar terapia é meu casamento. Fico fora de casa muito tempo e Paula tem reclamado muito de minha ausência. Ela quer uma construção de identidade como casal. Ela é agressiva quando faz essas exigências pra mim”. Nesse momento do casamento, ambos iniciaram psicoterapias individuais, com psicoterapeutas distintos e em abordagens psicoterapêuticas também distintas. No processo psicoterapêutico de Marcelo, a psicoterapeuta identificou algumas dificuldades comportamentais do marido e da esposa e, identificou que o casal estava em conflito e cogitavam uma separação. A psicoterapeuta solicitou a Marcelo a descrição de interações entre o casal e discriminou que Paula tinha uma alta exigência com relação a Marcelo, como por exemplo queria que ele evitasse contatos familiares aos fins de semana e queria que ele avisasse familiares que só poderiam ligar em sua casa aos finais de semana apos às 10h30min. Ela também demonstrava ter baixa autoestima, emitia comportamentos com a função de controlar Marcelo e fazia sistemáticas ameaças de que o casamento acabaria caso ele não se dedicasse à vida conjugal. Marcelo, por sua vez, tinha dificuldades de colocar limites nas exigências advindas do trabalho, assumia muitas atividades com familiares e não conseguia estabelecer uma comunicação assertiva com a esposa. Foi proposto para Paula e Marcelo um processo psicoterapêutico conduzido por uma mesma psicoterapeuta, a qual definiu fazer orientações separadas e individuais com ambos, bem como orientações e intervenções em conjunto como casal. Objetivos individuais com Paula: 1. descrever adequadamente os comportamentos emitidos por ela e as funções que tinham para o marido; 2. identificar os sentimentos existentes nas interações com a família do marido; 3. tornar-se sensível aos efeitos aversivos que seus comportamentos exerciam sobre o marido; 4. explicitar as regras e autorregras que governavam seus comportamentos; 5. desenvolver repertório de comportamentos com função reforçadora positiva na relação com o marido. Objetivos individuais com Marcelo: 1. instalar repertórios de contra-controle no ambiente profissional; 2. tornar-se mais sensível às solicitações da esposa; 3. desenvolver um repertório verbal mais contingente em relação a esposa e 4. identificar os sentimentos existentes nas relações com seus familiares. Objetivos com o casal: 1. estabelecer uma comunicação mais amena e eficaz entre ambos; 2. instalar repertórios comportamentais com função de produzir reforçadores positivos recíprocos na relação entre o casal; 3. instalar repertório de sensibilidade ao outro e 4. discutir o conceito de amor compatível com as expectativas de vida de ambos. Os resultados foram: passaram a descrever corretamente a função aversiva que as CR vivenciadas nos relacionamentos familiares tinham para cada um deles; passaram a descrever as suas reais expectativas de estilo de vida e a se adequar à realidade possível dentro do casamento; a comunicação tornou-se mais assertiva e amena; o tempo de resolução de conflitos diminuiu significativamente e conseguiram concretizar o sonho de terem um filho. O casal continua com orientações psicoterapêuticas até o momento.
Palavras–chave: terapia de casal; insensibilidade ao outro; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR).