Atividade: Sessão coordenada

 

NA PSICOTERAPIA NADA SE CRIA, TUDO SE TRANSFORMA: AUMENTANDO A EFETIVIDADE DOS ESTÍMULOS REFORÇADORES EM UM CASO DE DEPRESSÃO ATENDIDO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

NAJARA KARINE SALOMÃO PEREIRA ALMEIDA

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Paulo (27), terceiro entre os irmãos Maurício (34) e Clara (28), iniciou a psicoterapia dizendo que, por insistência de um amigo, tentava mais uma vez algo que pudesse ajudá-lo. Referia-se ao segundo processo psicoterapêutico a que era submetido; o anterior havia sido abandonado pelo cliente.  Paulo dizia não ter “mais esperanças... Ou chorava ou bebia bastante” e preocupava-se com casos de alcoolismo na família. Havia se submetido a uma cirurgia bariátrica e já recuperara dois terços do peso perdido. Os amigos do cliente o chamavam de “chato” e “ranzinza”; ele não tinha namorada, nem emprego e era requisitado na família para favores como dirigir ou realizar pequenos consertos em casa. Paulo questionava o sistema político. Estava decepcionado com Deus. Não entendia sentir tanto sofrimento que, segundo ele, devia ter começado aos 12 anos, quando uma bomba que segurava explodiu e o deixou, após muitas cirurgias, sem parte de dois dedos e menor força em uma das mãos, o que o impedia de realizar algumas atividades rotineiras. Os principais procedimentos neste caso foram: (1) identificar os estímulos antecedentes às respostas do cliente; (2) torná-lo sensível a fatores ambientais que antecediam o responder, a fim de observar a força de emissão de uma resposta a depender do evento presente e poder sugerir formas de alterar a probabilidade de emissão destas (3) identificar os eventos ambientais que alteravam a efetividade dos estímulos consequentes, reforçadores e punidores, e os que modificavam a ocorrência das respostas emitidas pelo cliente; (4) criar condições para que o cliente emitisse ora respostas alternativas ao seu repertório, produzindo estímulos reforçadores de maior magnitude, ora respostas já estabelecidas durante sua história de vida, e (5) aumentar o controle de estímulos do cliente através da apresentação de relações entre os eventos que antecediam e consequenciavam as respostas emitidas por ele, Com isso os objetivos psicoterapêuticos eram que o cliente identificasse maior relação entre consequências reforçadoras e as respostas que ele emitia, produzindo sentimentos de autoconfiança e autoestima, e pudesse se sentir inserido nos contextos familiar, de amigos, religioso e pessoal. Os resultados alcançados envolveram o cliente iniciar um novo curso superior, abrir uma empresa em um ramo que gostava, começar a namorar, voltar a frequentar um espaço religioso em que ele se sentia bem, deixar de ser chamado de “chato” de forma pejorativa e ser solicitado por amigos e família pelas ideias que apresentava sobre o mundo.

 

Palavras–chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); depressão; operações motivacionais.