Atividade: Sessão coordenada
“VOANDO ALTO”: TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR) EM UM CASO DE TRANSTORNO DE PÂNICO
Luciana Maria Assis Silva
Instituto Transformação
Vitória (21) fazia faculdade de Administração numa universidade pública da Bahia. Morava com a mãe, Maria (48), e os irmãos, André (14) e Maria (11). Vitória apresentou como queixa inicial: “Eu vim te procurar porque eu quero perder meu medo de andar de avião. Toda minha família fez uma viagem agora e eu não fui porque tenho medo. Eu fazia análise com a psicanalista e acho que ela não está me ajudando mais. Acho até que me ajudou durante um período, mas hoje não está me ajudando. Eu tenho, tive Síndrome do Pânico e me disseram que um terapeuta comportamental poderia me ajudar a enfrentar os meus medos”. Vitória relatou que ela começou a ter crise de pânicos com 17 anos e que, desde então, era acompanhada por um psiquiatra e por uma psicanalista. Segundo a cliente, ela já não tinha mais crises de pânico com frequência nem com intensidade muito alta, mas continuava muito ansiosa em algumas situações, tais como: apresentar trabalho na faculdade, fazer provas, dirigir para lugares que nunca tinha ido, frequentar locais com muitas pessoas reunidas. Os pais de Vitória se separaram quando ela tinha três anos. Tinha pouco contato com o pai (53), que apesar de ser funcionário de uma empresa estatal e ganhar muito bem, nunca pagou pensão. Quando Vitória tinha cinco anos, sua mãe casou-se novamente e teve mais dois filhos. Novamente, sua mãe se separou e passaram a morar apenas os quatro na casa. Vitória desde muito jovem teve que assumir a função de segunda mãe para os irmãos, com a obrigação de cuidar deles. Vitória era excessivamente cobrada por Maria, tanto em relação aos próprios comportamentos, quanto aos comportamentos dos irmãos. Vitória aprendeu a emitir comportamentos de fuga-esquiva para evitar/fugir das cobranças da mãe. Tais comportamentos funcionavam ocasionalmente; vivia, assim, num paradigma de ansiedade. Os objetivos psicoterapêuticos iniciais foram: conscientizar a cliente das contingências de reforçamento às quais estava exposta; identificar outros possíveis comportamentos de contracontrole em situações em que ela emitia comportamentos de fuga-esquiva disfuncionais; ampliar de forma mais abrangente, no contexto social afetivo e profissional, o seu repertório comportamental. A psicoterapeuta fazia perguntas, descrições e comentários para levá-la a ficar sob controle das reais contingências de reforçamento em operação, o que permitia discriminar os comportamentos inadequados da mãe e emitir novas respostas de contracontrole funcionais. Vitória passou a identificar as contingências que controlavam os sentimentos e comportamentos de ansiedade dela e emitir respostas de fuga-esquiva e contracontrole dessas situações. Além disso, a cliente ampliou o repertório comportamental, começou a namorar e a se expor as contingências de reforçamento.
Palavras–chave: Transtorno do Pânico; ansiedade; fuga-esquiva; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR).