Atividade: Sessão coordenada
DE VOLTA AO COLORIDO DA VIDA: A DEPRESSÃO SOB A ÓTICA DA TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
GABRIELA CARVALHO PAES
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
André (41) era empresário, casado com Márcia (40) e pai de Nathália (09) e Luciana (04). Na ocasião em que procurou psicoterapia, relatou estar “deprimido, não conseguir se relacionar com as pessoas e sentir ciúme exagerado da esposa”. Relatava (chorava muito ao fazê-lo) que sentia “grande tristeza” ao pensar em sua infância, uma vez que sofria punições contínuas de seu pai, como surras e castigos, sempre que apresentava algum comportamento considerado não satisfatório. Quando chegou à psicoterapia estava em processo de afastamento da empresa; tal ocorrência iniciou-se poucas semanas após o começo das sessões e durou aproximadamente 15 meses. André não fazia reuniões com funcionários, saía pouco de casa e, na presença da esposa e das filhas, não conversava, pois afirmava não “saber o que dizer ou sentir”. Era valorizado pelo desempenho (uma vez que aprendeu assim), em detrimento das relações sociais, portanto, era pouco reforçador e afetivo. Comportamentos de Márcia (como procurar psicoterapia para o marido, administrar a empresa no período em que ele precisou, administrar a casa, a rotina das filhas etc), reforçavam sentimentos dele, como baixa autoestima e baixa autoconfiança, além de reforçar também o sintoma característico da depressão, que é o não se comportar. Durante as primeiras sessões, André não conseguia descrever o que sentia, ou mesmo identificar contingências de reforçamento (CR) produtoras de tal sofrimento. O cliente não aprendeu a expressar seus sentimentos de forma a produzir consequências mais amenas, passando a comportar-se por fuga-esquiva. Parecia claro, então, que o sucesso do processo psicoterapêutico estava em identificar junto a ele o que produzia o sofrimento; buscar a discriminação e expressão dos sentimentos produzidos de forma mais desejável e desenvolver habilidades para expor-se a novas CR, aumentando a probabilidade de produzir reforçadores naturais que pudessem desenvolver e mantê-las. Após análises de CR, instruções e modelos apresentados pela psicoterapeuta, além de reforçamento positivo apresentado de forma contingente às primeiras exposições comportamentais, André modificou seus comportamentos em relação à esposa, não desenvolvendo sentimentos de ansiedade ao saírem juntos ou quando Márcia saía sozinha; passou a convidar familiares para encontros e voltou a administrar a empresa com sucesso, pois logrou recuperá-la, tirando-a de uma crise comercial e financeira. O cliente continua em processo de psicoterapia e mantém a queixa de déficit nas relações sociais.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); depressão; autoestima; autoconfiança.