Atividade: Sessão coordenada
ATENDIMENTO A UM CLIENTE COM EXPERIÊNCIA DE TERAPIA EM OUTRA ABORDAGEM: DESAFIOS E MANEJO CLÍNICO
ESEQUIAS CAETANO DE ALMEIDA NETO
Instituto Crescer: Psicologia e Psiquiatria
André Silva, (35), foi encaminhado à clínica de psicologia por um Psiquiatra, com o diagnóstico de Fobia Social (F.40.1). O cliente se submetera à Terapia Cognitivo-Comportamental pelo período oito meses, porém havia encerrado o tratamento algumas semanas antes, relatando insatisfação com os resultados alcançados. Suas queixas iniciais foram ansiedade elevada em situações sociais e incapacidade de controlá-la mesmo aplicando as técnicas aprendidas com o terapeuta anterior, às quais nomeava como: parada de pensamento, respiração diafragmática, cartões de resposta a pensamentos disfuncionais e autoinstrução. A partir da Avaliação Comportamental foi possível identificar excesso funcional em respostas de fuga-esquiva de situações sociais, como: dizer que estava ocupado, com dor de cabeça ou cansado, quando convidado para alguma atividade que envolvesse interação social; e comportamentos socialmente descritos como “desinteresse”, emitidos sob controle de tentativas de interação de outras pessoas, tais como bocejar repetidamente ou acessar a internet através do celular, também com função de fuga-esquiva. Entre pessoas da família, o cliente não emitia tais respostas. A partir disso, o objetivo terapêutico foi reduzir a frequência das respostas de fuga-esquiva do cliente e levá-lo a generalizar o repertório desejado para interações com pessoas de contextos diversos do familiar. Foram empregadas as seguintes estratégias: 1) ampliação do autoconhecimento através de perguntas sobre como as pessoas consequenciavam os comportamentos alvo descritos; perguntas sobre as consequências do referido padrão comportamental a médio e longo prazo; questionamentos sobre ocasiões em que se comportava de forma diferente e sobre as consequências geradas por seus comportamentos nestas ocasiões; 2) generalização de repertório através de questionamentos sobre possíveis consequências que o cliente geraria caso se comportasse da forma desejada nas ocasiões nas quais normalmente se esquivava, ampliando com isso o controle verbal do cliente sobre o próprio; 3) reforço diferencial da ocorrência das respostas desejadas através da análise das consequências dispensadas pelos ouvintes e dos sentimentos gerados pela mudança nas contingências de reforçamento. Após 12 (doze) sessões, o cliente apresentou relatos de melhora, descrevendo ocasiões em que aceitou convites de amigos, ocasiões nas quais conseguia interagir de forma desejada e redução significativa na ansiedade na maioria de suas interações sociais.
Palavras–chave: fobia social; contingências de reforçamento; esquiva de situações sociais; generalização de repertório social.