Atividade: Sessão coordenada
“REJEIÇÃO” NA INFÂNCIA: ASPECTOS CONCEITUAIS E CLÍNICOS
EMILEANE COSTA ASSIS DE OLIVEIRA
Universidade Nove de Julho/Universidade Padre Anchieta-Jundiaí
A literatura utiliza o termo “competência social” (Atilli, 1990) para designar a capacidade de interação e adaptação da criança ao grupo de companheiros. As relações que a criança estabelece com os pares envolvem habilidades sociais essenciais, como a adoção da perspectiva do outro, discriminação de consequências, expressão de sentimentos, entre outras, sendo a inabilidade social correlacionada com a rejeição pelos pares, e esta última, com o mau ajustamento na vida adulta (Castro, Melo e Silvares, 2003). Em termos comportamentais, os estudos sobre ”rejeição entre pares” investigam: 1) as contingências de reforçamento (CR) responsáveis pela instalação e manutenção de repertórios sociais que dificultam o acesso dessas crianças a reforçadores positivos e que favorecem estimulação aversiva, ou seja, a rejeição e 2) os efeitos que tal condição aversiva produz no repertório da criança a médio e longo prazo. Uma vez que a percepção dos pares pode refletir o grau de inclusão ou exclusão social da criança, Coie, Dodge e Coppotelli (1982) utilizaram cinco categorias na análise da percepção por parte dos companheiros, quais sejam: 1) Popular: refere-se à criança altamente preferida pelos pares, com grande número de nomeações positivas e baixo número de nomeações negativas; 2) Rejeitada: refere-se à criança desgostada em seu grupo, com elevado número de nomeações negativas e baixo número de nomeações positivas; 3) Negligenciada: criança que não recebe nomeações positivas, apresentando também baixo ou nenhum número de nomeações negativas; 4) Controversa: criança que gera sentimentos ambivalentes em seu grupo, com grande número de nomeações positivas e negativas por seus pares e 5) Mediana: referente à criança que recebe um número de nomeações próximo à média do grupo. Os objetivos do presente trabalho são: 1) apresentar e discutir o caso clinico de Antônio(11), encaminhado à psicoterapia com a queixa de rejeição pelos pares (relatada por pais e escola); 2) relacionar aspectos do caso com os dados apresentados pela literatura, focando especialmente o padrão comportamental apresentado por Antônio que favorece a rejeição pelos colegas, bem como as (CR) contingências de reforçamento responsáveis pela instalação e manutenção do repertório social problema e 3) descrever alguns procedimentos clínicos utilizados para instalação e modificação de algumas classes de habilidades sociais. Ao estabelecer relações entre pesquisas empíricas e a prática clínica, o presente trabalho pretende contribuir para a ampliação do intercâmbio de conhecimento entre estas áreas.
Palavras-chave: rejeição entre pares; habilidades sociais na infância; competência social.