Atividade: Sessão coordenada
“SERÁ QUE EU VOU PASSAR MAL?” - VENCENDO O PÂNICO POR MEIO DO ENTENDIMENTO DAS RELAÇÕES COM O AMBIENTE – ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
CÉSAR AUGUSTO CURVELLO DE MENDONÇA
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Maria buscou psicoterapia aos 52 anos com queixa de Síndrome do Pânico. Na primeira sessão veio acompanhada do marido. A cliente relatou que os sintomas apareceram depois da morte do pai, com quem ela tinha forte ligação afetiva, em decorrência de um câncer. Alguns anos depois, perdeu o irmão num acidente e a mãe, vítima de um infarto. Maria relatou que a partir desses episódios, diante de qualquer sintoma - como tontura, dificuldade para respirar, batimentos cardíacos acelerados e cansaço - sentia-se ameaçada por uma doença silenciosa que poderia aparecer a qualquer momento e levá-la à morte. Maria resistia a tratamentos com medicação psiquiátrica, pois acreditava que os sintomas não estavam relacionados ao seu estado emocional, mas eram efetivamente causados pela possível doença. A cliente também relatou que as pessoas com que se relacionava já se diziam cansadas por não acreditarem nas suas reclamações. Casada há aproximadamente 30 anos, Maria trabalhava com o marido, e o fazia desde pouco depois do casamento, pois deixara seu emprego anterior por exigência dele. A cliente relatava com frequência a sua preocupação com o julgamento das pessoas relevantes na sua vida. Segundo Maria, sua irmã mais velha, que convivia com ela quase que diariamente, interferia nas relações dela com sua família e a cliente se sentia impotente para reagir. Com o marido, ela relatava que havia desentendimentos frequentes em relação ao trabalho. Quanto aos filhos, Maria admitiu ter muita dificuldade em desagradá-los e por isso deixava de fazer ou mesmo sugerir atividades que lhe eram reforçadoras. Além disto, ficava ansiosa quando se via envolvida em eventos com outras pessoas, por medo da avaliação que fariam dela. Os objetivos terapêuticos com Maria foram levá-la a: melhor discriminação da função que os sintomas aversivos haviam adquirido nas relações dela com as outras pessoas; observar e discriminar as relações entre seus sintomas e as contingências de reforçamento (CR) em operação; desenvolver padrões comportamentais assertivos, se engajar em atividades individuais prazerosas. Para atingir tais objetivos, o psicoterapeuta emitia instruções verbais para que a cliente observasse e descrevesse as CR, estabelecendo a relação dessas com seus respondentes, considerando também o comportamento das pessoas do seu convívio. Com o desenvolvimento desses aspectos, a cliente passou a entrar em contato com novas CR e, embora não tenha conseguido realizar um processo de extinção dos respondentes que a incomodavam, ela conseguiu alcançar um nível bastante satisfatório de independência da sua síndrome.
Palavras–chave: comportamentos assertivos; síndrome do pânico; fuga-esquiva.