Atividade: Sessão coordenada

 

ENCOPRESE SECUNDÁRIA: ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR). 

 

CAMILA NEGREIROS COMODO

Ana Flávia Pinto Melo Ribeiro

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

A Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR), pautada nos princípios do Behaviorismo Radical e da Análise do Comportamento, se preocupa em identificar, analisar e modificar as contingências de reforçamento (CR) das quais os comportamentos e sentimentos são função. Dessa forma, ao intervir em transtornos classificados em manuais de diagnóstico, os psicoterapeutas da TCR procuram atuar sobre os aspectos funcionais de tais comportamentos com vistas a modificá-los. O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso em TCR de uma criança diagnosticada com encoprese secundária (evacuação de fezes em locais inadequados, no mínimo uma vez por mês, por pelo menos três meses, depois de já ter estabelecido a continência fecal). Marcos (7) era o caçula de uma família de três filhos, morava com os pais e estudava em uma escola pública. Sua mãe procurou psicoterapia após encaminhamento do neuropediatra, devido ao diagnóstico de encoprese. Durante a psicoterapia, foi possível observar que o cliente apresentava déficit comportamental em obter e manter o controle da eliminação fecal, pois ele evacuava quando estava vestido e em ambientes diversos (sala de aula, quarto, sala de estar etc.). Com informações da mãe, da escola e do próprio cliente, identificou-se que o cliente produzia pouco reforço positivo social e tinha pouco acesso a atividades reforçadoras. O comportamento de evacuar no vaso produzia a perda de reforçadores (punição negativa) (P-), uma vez que Marcos teria que interromper alguma atividade prazerosa, como ver televisão ou brincar, para ir ao banheiro. Dessa forma, parecia existir uma privação de atenção e atividades reforçadoras e essa possivelmente era uma forte variável que controlava o comportamento de adiar a ida ao banheiro. Além disso, a dificuldade em evacuar no vaso sanitário provavelmente era mantida por consequências reforçadoras positivas e negativas, como, por exemplo, a preocupação e os cuidados da mãe. Diante das análises realizadas, os objetivos da psicoterapia com Marcos foram: reduzir o excesso de respostas indesejadas relacionadas à encoprese e aumentar a frequência de evacuações no vaso. Para tal, foram utilizados os procedimentos de descrição de (CR), instrução verbal, imitação, reforço diferencial, fading in, fading out e foram realizadas sessões de orientação com a mãe do cliente. Ao final do processo psicoterapêutico, foi possível observar o aumento do controle da eliminação fecal e da frequência do comportamento de evacuar no vaso em diversos ambientes.

 

Palavras–chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); psicoterapia com crianças; encoprese secundária.