Atividade: Sessão Coordenada
SOBRE RIGIDEZ E DÉFICITS COMPORTAMENTAIS: “COMIGO É 08 OU 80.” ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
ANA CAROLINA DE OLIVEIRA ESPANHA ROMEIRO
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Sônia (53), ensino médio completo, dois filhos, Tiago (27) e Julia (24), divorciada. Queixa inicial apresentada por Sônia: “Sinto uma sensação de baixa autoestima, incompetência, me acho muito feia” e complementou, “Eu preciso me encontrar, me aceitar, não quero mais me incomodar com coisas do meu trabalho.” Tal queixa deu indícios da dificuldade que a cliente tinha em emitir comportamentos que produzissem reforçadores positivos em sua vida. A psicoterapeuta identificou outras dificuldades de Sônia: apresentava excesso de comportamentos governados por regras; déficits no repertório social (comportamentos inassertivos e insensibilidade em relação ao outro); dificuldade em planejar e manter autocontrole com relação aos gastos; e emissão de respostas com topografia agressiva e rígida em situações cotidianas. A cliente agia prioritariamente sob controle de regras derivadas de instruções dadas pelos pais e posteriormente dadas pelo marido. A história de contingências de reforçamento (CR) negativo (coercitivas) da cliente era evidente e foi intensa, desenvolvendo em Sônia um elaborado repertório verbal de fuga-esquiva nas interações com as pessoas, que era de ação muito coercitiva para si mesma e para os indivíduos de seu meio social. Tal repertório se caracterizava por atribuir aos outros a fonte de suas dificuldades interpessoais. Os objetivos psicoterapêuticos foram levar a cliente a: a) desenvolver repertório de discriminação completa das CR em operação; b) desenvolver planejamento financeiro e autocontrole com relação aos gastos fixos mensais e despesas supérfluas; c) desenvolver repertório de auto-observação e autoconhecimento; d) desenvolver repertório de sensibilidade ao outro. Os resultados obtidos foram: a) a cliente começou a diminuir a emissão de respostas agressivas na resolução de conflitos familiares (aumento do autocontrole), b) a cliente passou a ficar mais sob controle do produto de seu próprio comportamento (ou seja, de permanecer sob controle das CR em operação e não das regras em si), e isso proporcionou modificações positivas nas relações da cliente com os colegas de trabalho e com os filhos.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); rigidez comportamental; comportamento governado por regras.