Atividade: Sessão coordenada

 

SUBPRODUTOS EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS DA APRESENTAÇÃO NÃO CONTINGENTE DE REFORÇADORES: ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

ANA CAROLINA GUERIOS FELÍCIO

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Breno (27), personal trainer, era natural do Rio de Janeiro, onde residiam seus pais – Alberto (68), médico, e Lucinda (61), dona de casa – e irmãos mais velhos – Bruna (34), médica, e Renato (30), engenheiro. Breno estava morando em São Paulo há um ano, com a namorada, Mariana (28), mestranda em Biologia. Breno queixou-se do rompimento do relacionamento, ocorrido por telefone, pois a namorada era voluntária na África, onde conheceu um renomado cientista e se apaixonou. Breno não conseguia aceitar o fim do relacionamento; entrava em contato com a namorada, com a mãe dela e amigos do casal para encontrar respostas sobre o término. Quando tais respostas apontavam críticas, Breno tornava-se agressivo. Assim, ele chegou à psicoterapia com um repertório social empobrecido. Profissionalmente sua vida estava caótica; Breno precisava buscar parcerias para aumentar o número de alunos; no entanto, fazia uma série de exigências para trabalhar para o profissional que até então havia lhe oferecido uma oportunidade. Era pouco dedicado aos estudos da pós-graduação e acreditava que ganharia dinheiro sem aprofundar conhecimentos, não sendo sensível aos alunos. Pedia para o pai pagar suas despesas. O cliente tinha grande dificuldade de lidar com frustrações nas esferas sentimental e profissional. A história de contingências de reforçamento (CR) de Breno foi marcada por reforçadores disponibilizados de forma não contingente aos comportamentos dele, o que o levou a se julgar especial e irretocável, e a apresentar baixa variabilidade comportamental e pouca sensibilidade ao outro. Aumentar a observação dos próprios comportamentos e seus efeitos sobre o outro se tornou o objetivo principal na psicoterapia. Para tanto, foi analisada a história de CR na relação com os pais, que o mimavam, e o efeito desta sobre as CR presentes às quais o cliente respondia: extinção e punição por parte das pessoas que não o amavam incondicionalmente. Além disso, a psicoterapeuta fazia perguntas com possível função de estímulo discriminativo (SD), visando a que Breno relatasse detalhadamente as interações sociais por ele vivenciadas, de modo a colocá-lo sob controle dos eventos antecedentes e subsequentes de seu responder. Relatos de interações apropriadas eram consequenciados com verbalizações com possível função reforçadora. Como resultado, Breno passou a compreender os comportamentos apresentados por seus familiares, estabelecendo com eles uma relação mais responsável e calorosa. No trabalho, conseguiu aumentar o contato com profissionais de sua área de atuação, aumentando a clientela. Na relação afetiva, Breno conheceu outra garota e estabeleceu um namoro onde predominavam diálogos diretos e cuidados mútuos.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); história de contingências de reforçamento (CR); relacionamento afetivo; variabilidade comportamental; sensibilidade ao outro.