Atividade: Sessão coordenada

 

"NÃO QUERO DINHEIRO, EU SÓ QUERO AMAR" - ORIENTAÇÕES A PAIS NO ATENDIMENTO DE CRIANÇAS EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

ADRIAN PARRA

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Laura (09) era filha de Marta (38) e Severino (40). Os pais eram divorciados e Laura morava com a mãe, o padrasto Nelson (34) e o irmão Leandro (17). Marta procurou psicoterapia para a filha devido aos comportamentos de “birra” que Laura vinha apresentando. Também relatava dificuldade para lidar com a filha. Marta acreditava que os comportamentos de choro, insistência e oposição eram reflexo da separação dos pais da cliente. O pai era pouco presente na vida da criança. Em função disso, Marta não hesitava em atender todas as vontades e pedidos da filha, pensando em suprir a falta do pai. Por conta dessa “falta”, Laura era uma criança rodeada de reforços não contingentes: o ambiente (mãe, tia, padrasto e pai) fortalecia os comportamentos indesejados com bastante intensidade, sempre proporcionando o que Laura desejava diante dos comportamentos dela de choro e insistência. Marta, por trabalhar muito, não conseguia dedicar atenção adequada para a filha e, na maioria das situações, a interação se dava por meio de gritos e brigas. Tais brigas geravam sentimento de culpa na mãe, que acabava comprando presentes para a filha com a fantasia de que tal ato melhoraria a relação. Diante do grande número de reforçadores materiais, Laura passou a não zelar pelos brinquedos, roupas e objetos que ganhava. Também apresentava dificuldade para respeitar as regras e os pedidos da mãe. Para obtenção de resultados no processo psicoterapêutico de Laura, foi importante a participação frequente da mãe para sessões de orientação, com o objetivo de conscientizá-la de que os comportamentos indesejados eram produto da falta de consistência ao consequenciar os comportamentos de Laura, e não um resquício traumático da separação, como acreditava. A orientação também teve papel importante para instruir a mãe sobre como adquirir tal consistência e, ainda assim, ser mais afetiva com a filha. Os procedimentos utilizados foram: apresentação e análise da tríplice contingência de reforçamento; instruções verbais; apresentação de modelos; descrição de contingências em operação; fading in e modelagem. A partir das intervenções com a criança, juntamente com as sessões de orientação com a mãe, foi possível observar que Marta passou a estabelecer regras mais claras para a filha e também a mantê-las, mesmo diante da insistência de Laura. A cliente, por sua vez, diminuiu a frequência e a intensidade do choro e dos comportamentos de oposição, uma vez que estes não mais produziam os reforçadores desejados por ela.

 

Palavras–chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); atenção sócio-afetiva; reforço contingente.