Atividade: Palestra
CIÚME, INFIDELIDADE E VIOLÊNCIA: ALGUMAS QUESTÕES DE GÊNERO
VERA REGINA LIGNELLI OTERO
Clínica ORTEC
O objetivo deste trabalho é identificar e analisar alguns dos padrões comportamentais, ligados ao gênero, apresentados por parceiros nas suas interações, especialmente os que se referem às situações de ciúme, infidelidade e violência. Serão discutidas: 1) as variáveis biológicas (desenvolvimento e maturação do organismo), as ligadas à aprendizagem (história de vida, educação, etc.) e as culturais (definição de papéis, valores de vida) presentes no desenvolvimento dos papéis sociais aprendidos por homens e mulheres; 2) os processos de aprendizagem tais como modelação, modelagem, imitação, regras, instruções, etc. que levam às diferenças comportamentais observadas entre os gêneros; 3) Desenvolvimento do comportamento de enciumar-se que contém ‘atitudes’ de vigiar, caluniar, ser possessivo, exigir atenção exclusiva, agredir física e moralmente, etc., no homem e na mulher, e as variáveis mantenedoras dos padrões entendidos como ‘normais e/ou patológicos’. Ambos, homens e mulheres, apresentam padrões semelhantes ao enciumarem-se; 4) Desenvolvimento do comportamento de trair (quebrar o compromisso, explícito ou implícito, de fidelidade, de não envolvimento físico e/ou emocional com outra pessoa). Mulheres que traem tendem a buscar o afeto que não têm na relação estável, têm dificuldade de mentir, revelam a traição mais fácil e rapidamente, preocupam-se mais com a família e procuram nova relação duradoura. Homens que traem tendem a buscar prioritariamente sexo, dissimulam mais facilmente, negam mais intensamente, crêem que a traição não interferirá na família e procuram uma relação esporádica. 5.a) Desenvolvimento de padrões de comportamento de agredir moralmente, tais como apontar ‘erros’ e/ou limites pessoais, criticar, expor defeitos ‘publicamente’, ignorar a presença ou a opinião ou as vontades do outro, etc.. 5.b) Desenvolvimento de padrões comportamentais de agredir fisicamente tais como empurrar, bater, atirar objetos, destruir algo de grande valor estimativo do outro. Ambos, homens e mulheres são coercitivos, mas têm processos e padrões diferentes de violência. A mulher agride mais verbalmente, e durante um período maior e, demora mais para perder o autocontrole. Homens ignoram mais suas parceiras, falam menos e partem mais rapidamente para agressividade física. Têm mais dificuldade que as mulheres de manterem o autocontrole. A somatória das variáveis biológicas e comportamentais aprendidas, inseridas nos diferentes contextos sócio-econômico-culturais podem gerar padrões de interação facilitadores e/ou dificultadores entre homens e mulheres. Ambos se beneficiarão ao aprenderem a identificar e a lidar adequadamente com as diferenças comportamentais existentes entre os gêneros.