Atividade: Palestra

 

COMPORTAMENTOS SEXUAIS ALTERNATIVOS NA CLÍNICA – DA HIPERSEXUALIDADE ÀS PARAFILIAS

 

OSWALDO M. RODRIGUES JR

Instituto Paulista de Sexualidade

 

Na psicologia clínica dedicada a questões sexuais aparecem os comportamentos sexuais alternativos. Estes comportamentos têm recebido historicamente nomes de cunho moral como tara, desvio sexual, degeneração mental, degeneração neurológica, doença mental. Paralelamente, a partir do início do século XX, estes comportamentos recebem descrições que buscam não patologizar o comportamento em si, embora sem muito sucesso. Com a versão V do Manual Estatístico de Doenças Mentais, inicia-se uma separação entre o comportamento sexual em si e os padrões considerados psicopatológicos. O Mesmo dar-se-á com a versão 11 do CID, da Organização mundial de Saúde.

            O DSM ou o CID buscam diferenciar o comportamento sexual alternativo, denominado parafílico dos transtornos parafílicos, lembrando que alguns listados especificamente “são relativamente comuns em comparação com outros transtornos parafílicos e alguns deles implicam ações para sua satisfação que, devido à característica nociva e ao dano potencial a outros, são classificadas como delitos criminais”. Assim mesmo, a classificação facilita o uso de regras morais e não objetivas para as considerações.

            E se observarmos pessoas que buscam a psicologia e que apresentam comportamentos sexuais consideráveis como parafílicos?

Dentre os pacientes que se consultaram na clínica de psicologia em sexualidade do ano 2000 e 2014 os que se encaixaram neste campo de comportamentos sexuais diferentes e não usuais apresentavam:

- maesofilia - 1

- frotteurismo – 2

- masoquismo - 2

- donjuanismo – 3

- objeto travesseiro - 1

- Hirsutofilia - 1

- pornoadição – 4

- zoofilia - 1

- ginemimetofilia – 2

- fantasias – 1

- Hipersexualidade – 16

- fetichismo – 4

- Sadomasoquismo – 3

- pedofilia - 1

- autoginemimetofilia – 1

- travestismo fetichista – 1

- exibicionismo – 3

- incesto – 1

- podofilia – 3

- lutas de mulheres- 1

            Uma interessante percepção é a variação de formas e objetos de busca de satisfação sexual entre os que se consultam numa clínica psicossexológica. Porém chamam mais a atenção os homens que descrevem seus comportamentos sexuais com necessidades impulsivas produzindo situações de inadequação no casal oficial. Dos 38 pacientes, 16 apresentaram este comportamento hipersexualizado trazendo dificuldades no cotidiano.

            Outro aspecto importante é perceber que vários dos pacientes tem mais de uma forma de busca de satisfação sexual em suas descrições. Dos 38 pacientes, 14 mostraram-se assim, sendo que oito também descreviam um comportamento hipersexualizado apontando uma tendência dos homens com hipersexualização em encontrar comportamentos sexuais alternativos e parafilias.

            A existência de apenas uma mulher neste grupo aponta dois possíveis aspectos. O primeiro soa que homens são mais impulsivos para as atividades sexuais e descobrem mais formas diferentes de busca de obtenção de prazer sexual. Outro pode significar que as mulheres que desenvolvem comportamentos sexuais alternativos encontram parcerias que produzem adequação no relacionamento.

            Estes pacientes buscam tratamento por perceberem-se inadequados ou não encontrarem parcerias com as quais se adequem sexual e socialmente. De toda maneira existe uma percepção de serem culpados, mesmo que geralmente não tenham real pretensão de modificar suas buscas de prazer sexual, desejando que o tempo permita que se mantenham obtendo o prazer sexual tal qual conhecem e reconhecem ser a maneira quase única. O sentirem-se culpados passa inclusive por mecanismos sociais que os mantém sentindo a culpa, a exemplo de processo psicoterápico que confirme ser um comportamento patológico, doentio; estes, se apontados com a possibilidade de adequarem-se, desenvolverem relacionamentos com pessoas que administrem suas diferenças, aliviam-se e passam a admitir desenvolver habilidades sociais, mudando os rumos e objetivos da psicoterapia.

 

Bibliografia

- American Psychiatric Association (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5 DSM-5. traduç . Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. - . e . Porto Alegre: Artmed, 2014.. ISBN 978-85-8271-088-3.

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