Atividade: Palestra

VARIABILIDADE COMPORTAMENTAL APRENDIDA 

 

LOURENÇO DE SOUZA BARBA 

Centro Universitário Padre Anchieta

 

As respostas que compõem uma classe funcional podem sabidamente variar em relação a suas propriedades formais. Diferentes instância ou variantes da classe podem apresentar diferentes topografias, ocorrer em diferentes pontos do espaço ou apresentar diferentes durações, por exemplo. Tendo-se definido uma medida de variabilidade, em relação a uma ou mais propriedades formais das respostas registradas, pode-se medir o grau de variabilidade que um conjunto de respostas apresenta.  Estudos empíricos mostram que, estabelecida uma contingência de reforço, comumente ocorre que o grau de variabilidade das respostas produzidas pela contingência diminui à medida que a classe operante é estabelecida até que seja atingido um nível assintótico. O que se pretende discutir, nesta palestra, são as variáveis que determinam esse nível estável de variabilidade das respostas constituintes de uma classe funcional, examinando, em particular, a possibilidade de que o nível de variabilidade seja em si uma propriedade operante da classe. Nível de restrição das contingências sobre as propriedades formais necessárias para produzir o evento consequente, custo e eficiência diferencial das variantes constituintes da classe e mesmo genética e história de reforçamento são apontados como possíveis variáveis que determinam o nível de variabilidade das repostas constituintes de uma classe funcional. Discute-se particularmente se o nível de variabilidade de uma classe funcional pode mudar em função de certas contingências que reforçam diferencialmente níveis específicos de variabilidade. Essas contingências têm em comum o fato de que reforçam diferencialmente respostas correntemente menos frequentes (contingências genericamente denominadas aqui contingências sobre a frequência). Examinam-se alguns métodos empregados na investigação dessa questão e os dados obtidos que presumivelmente mostram que o nível de variabilidade das respostas geradas por uma contingência de reforço é uma propriedade operante da classe. Apresentam-se também algumas objeções à tese da variabilidade operante. Metodologicamente foi apontada a discrepância entre a medida padrão dos níveis de variabilidade e as propriedades das respostas usadas para definir as contingências sobre a frequência. Discutem-se aqui as implicações dessa discrepância para a demonstração de que a variabilidade é uma propriedade operante. Também se objetou que as mudanças dos níveis de variabilidade obtidas em contingências sobre a frequência poderiam ser explicadas a partir de processos cíclicos que não pressupõem o caráter operante do nível de variabilidade das respostas constituintes de uma classe funcional. Apresentam-se dados que parecem validar essa objeção. Discute-se brevemente por fim a importância da variabilidade controlada por consequências para o conceito geral de operante.