Atividade: Palestra

 

Descrição de contingências através de metáforas: uma alternativa para ampliar o controle de estímulos do psicoterapeuta sobre o cliente.

 

LÍLIAN MEDEIROS

IAC-Campinas

 

A psicoterapia "consiste, não em levar o paciente a descobrir a solução de seu problema, mas em mudar o paciente, de tal modo, que seja capaz de descobri-la" (Skinner, 1967, p. 216). Dessa maneira, é papel do terapeuta ficar sob controle de sua própria atuação e identificar o que nela colabora para produzir mudança no cliente. "O instrumento que o terapeuta tem para alterar os comportamentos do cliente, produzindo ou reorganizando contingências de reforçamento que afetarão o cliente, é seu próprio comportamento" (Guilhardi, 2004, p. 11). E o terapeuta se comporta de modo a fornecer consequências para os comportamentos do cliente e a estabelecer antecedentes que possam criar ocasião para o surgimento de novas respostas. A psicoterapia é um processo essencialmente verbal, uma vez que o reforço para um (terapeuta ou cliente) normalmente é mediado pelo comportamento do outro (terapeuta ou cliente). A identificação e descrição, pelo terapeuta, das contingências em operação na vida do cliente devem funcionar como antecedentes verbais que aumentam o controle sobre a emissão de novas respostas, que podem, assim, produzir novas consequências, mais adaptativas para o cliente. O uso da metáfora para esse fim pode aumentar a probabilidade de o cliente ficar sob controle das descrições do terapeuta, uma vez que "a metáfora é uma propriedade onipresente da linguagem "(Catania, 1999, p. 300). Para Skinner, "o comportamento verbal seria muito menos eficaz se extensões metáforicas não fossem possíveis. (...) Ela pode ser mais familiar e afetar o ouvinte de outras maneiras, particularmente despertando respostas emocionais" (1978, p. 126). O processo terapêutico é altamente dinâmico, complexo e envolvido em sutilezas. Não basta que o terapeuta seja capaz de estabelecer relações funcionais entre eventos da vida do cliente e identificar, a partir daí, as contingências as quais o cliente esteve exposto. É preciso que o terapeuta seja habilidoso o suficiente para fazer com que o cliente possa operar de modo mais vantajoso em sua vida. No processo terapêutico, o comportamento do terapeuta também deve ser colocado em evidência. E devem ser fortalecidas as práticas que exerçam maior efeito no processo de mudança. O uso da metáfora na prática terapêutica pode colaborar de forma decisiva na compreensão do cliente sobre o que acontece com ele e, consequentemente, na forma como irá operar e produzir mudanças em seu ambiente.

 

 

Palavras-chaves: Metáfora; comportamento verbal; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR).