Atividade: Mesa Redonda
FAP: Psicoterapia ou técnica Comportamental?
FAP
‘Operacionalização’ da terapia analítico-Comportamental
VERA REGINA LIGNELLI OTERO
Clínica ORTEC
Os objetivos desta apresentação são discutir se: 1) a FAP – Terapia Funcional Analítica é uma nova ‘modalidade’ de psicoterapia ou apenas uma técnica comportamental; 2) a FAP é uma operacionalização da Terapia Analítico-Comportamental. Examinar essas questões exige que se considere que a denominação Terapia Analítico-Comportamental, se refere a um conjunto de propostas de intervenções clínicas, baseadas nos princípios oriundos da Análise Experimental do Comportamento e do Behaviorismo Radical. Requer também que, através da análise da literatura da área, observe-se a relevância dos dados produzidos pelas pesquisas básica e aplicada, que contribuem para a identificação de variáveis relevantes presentes no processo terapêutico. Esses dados permitiram a elaboração de conceitos teóricos, que aprimoram as propostas de intervenção no sentido de ampliar a eficácia dos seus resultados. A FAP é uma das propostas de intervenção psicoterápica, fundamentada nos princípios da análise do comportamento. Propõe que os comportamentos que são clinicamente relevantes (CRBs) e devem ser examinados pelo terapeuta, são os que ocorrem na interação terapeuta-cliente e se referem a classes funcionais comportamentais do repertório de ambos. A FAP propõe que padrões comportamentais apresentados pelo cliente, na interação terapêutica, guardam uma similaridade funcional com o que ocorre nas relações do cliente fora da clínica. Analisar o ‘aqui e o agora’ do setting terapêutico permite ao cliente discriminar e descrever as variáveis que interferem no seu comportamento durante a sessão. Levar o cliente a agir diferentemente na sessão terapêutica facilitará a ocorrência de mudanças comportamentais fora do contexto clínico. A FAP propõe categorias para analisar tanto os comportamentos do cliente como os do terapeuta na sessão. As categorias para classificar os comportamentos do cliente são: CRB1, que se referem a classes funcionais relacionadas aos problemas do cliente; os CRBs2 são comportamentos que sinalizam a melhora dos CRB1, e os CRBs3 são os comportamentos de análise sobre o próprio comportamento, podendo incluir descrições de equivalência funcional entre o que ocorre na clínica e fora dela. Os comportamentos do terapeuta são classificados como Ts1, que se referem aos comportamentos que podem fortalecer o comportamento-problema do cliente e os Ts2, são os que podem favorecer a ocorrência de comportamentos que indiquem uma melhora do cliente. Para a FAP, os comportamentos do terapeuta em sessão, podem ter função discriminativa, eliciadora ou reforçadora para o comportamento do cliente. As interações comportamentais entre cliente e terapeuta, nas sessões, criariam as oportunidades de mudanças do cliente.A FAP deve ser entendida como uma proposta de intervenção que contempla os pressupostos e os procedimentos acima descritos, para trabalhar as dificuldades do cliente visando atenuá-las e/ou eliminá-las, assim como ampliar seu repertório comportamental. Esses objetivos constituem o que se pode chamar de projeto terapêutico que recomenda o uso de determinadas técnicas e estratégias. Estratégias e técnicas são a essência das ações do terapeuta na execução de um projeto terapêutico. As propostas da FAP são uma maneira de executar um projeto terapêutico. A questão formulada para esta mesa, se a FAP é psicoterapia ou técnica comportamental mostra-se como uma ‘falsa’ antinomia. Psicoterapia, técnica ou estratégia são conceitos que se fundem, contém e estão contidos um no outro. A FAP é mais que uma operacionalização da terapia analítico-comportamental. Ela é mais um passo fecundo para compreensão das variáveis relevantes do processo terapêutico que aumentam a probabilidade de mudança dos comportamentos desejáveis do cliente.