Atividade: Mesa Redonda

 

TERAPIA COM CRIANÇA: PROCESSO INDIVIDUAL OU FAMILIAR?

 

SEM A FAMÍLIA TEMOS MUITO A FAZER

 

PATRÍCIA PIAZZON QUEIROZ

Instituto de Análise Aplicada de Comportamento

 

Na psicologia aprendemos que a orientação de pais e sua participação no processo de terapia são fundamentais para a obtenção de resultados. Essa afirmação não condiz com a realidade de diversos atendimentos clínicos. Sem duvida nenhuma, a participação dos pais ou dos cuidadores pode favorecer as mudanças dos padrões comportamentais e sua manutenção no ambiente natural da criança (fora da sessão).  No entanto, em muitos casos clínicos os pais ou cuidadores não desejam ou se negam a se envolver no processo terapêutico.  Nesses casos deveríamos encerrar os atendimentos? Não acredito nisso!  Sem a participação dos pais, o terapeuta ainda tem muito a fazer. Ele pode manejar contingências nas quais a criança aprenda a se comportar e produzir consequências com função reforçadoras naturais e sociais no ambiente em que está inserida.  Assim como, a procurar outros ambientes favoráveis a seu desenvolvimento possibilitando ampliação de seus comportamentos e eventos com função reforçadora em sua vida. Além disso, em muitos casos, as contingencias com função afetiva manejadas na sessão são as raras disponíveis na vida da criança. Nada justificaria privá-la disso. No processo de terapia por contingências de reforçamento, temos o referencial teórico como guia para nossa análise e intervenção. Isso deve reger a conduta terapêutica. Não há regras e conceitos pré-estabelecidos, mas sim uma devida análise das contingências em operação na vida da criança e uma intervenção que produza sempre um número maior de eventos com função reforçadora e diminua os eventos com função aversiva. Um estudo de caso, até o momento com 9 anos de atendimento, será apresentado. Ao longo desse processo, a terapeuta nunca conseguiu atender a mãe e o envolvimento do pai ocorreu apenas no início do atendimento devido a disputa judicial. O processo de terapia envolve o manejo de contingências com função afetiva na interação terapeuta-cliente; construção de repertórios comportamentais que produzam consequências sociais no seu ambiente natural; compreensão e enfrentamento de contingências aversivas devido à rejeição da mãe e pouca disponibilidade e afetividade do pai; desenvolvimento de auto observação e conscientização dos seus padrões comportamentais e sentimentos associados a estes.