Atividade: Comunicação oral
COLORINDO A VIDA DE UMA CLIENTE EM SITUAÇÃO DE ABRIGAMENTO: UM ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
THAIS RAMOS DE CARVALHO
Sabrina Sayuri saito
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Jhenifer (15) morava com a irmã Jéssica (14) em um abrigo de uma cidade do interior de São Paulo. Cursava o nono ano em uma escola estadual e frequentava um curso profissionalizante quando iniciou a psicoterapia, por intermédio dos responsáveis por seu abrigamento. Inicialmente, não apresentou queixa, mas as principais dificuldades da cliente identificadas pela terapeuta foram: déficit no repertório de interação interpessoal, repertório empobrecido para a produção de reforçadores positivos naturais e sociais, dificuldade de discriminação de estímulos com função reforçadora e déficit no repertório de engajamento em atividades escolares. Jhenifer relatava que costumava faltar muito às aulas e que tinha sido reprovada uma vez por não ter atingido o mínimo de frequência exigido. A ausência de reforçadores na escola e de consequências para essas faltas, somadas ao déficit no repertório social da cliente para interação com colegas e professores, contribuíram para o seu não engajamento em atividades escolares. A dificuldade de Jhenifer em interagir socialmente era mantida pela falta de contingências de reforçamento (CR) que selecionassem a emissão de comportamentos dessa classe: os funcionários do abrigo não disponibilizavam antecedentes para que a cliente interagisse e, quando eventualmente havia um contexto para tal, acabavam comportando-se no lugar de Jhenifer (que acabava tendo acesso a algum reforçador de natureza social, mas sem aprender a responder de forma a produzir esse tipo de reforço – o que gerava dependência em relação àqueles que lhe possibilitavam o acesso ao reforço). A grande quantidade de crianças e adolescentes que moravam no abrigo e o excesso de trabalho dos funcionários favoreciam a predominância de punição e de regras que descreviam o que não fazer, ao invés de descrições dos comportamentos esperados; tampouco Jhenifer costumava ser consequenciada com atenção positiva por seus comportamentos desejados. Os principais objetivos da terapia foram: desenvolver repertório de interação interpessoal, desenvolver repertório de emissão de comportamentos capazes de produzir acesso a reforçadores e aumentar o repertório de engajamento nas atividades escolares. Para atingir tais objetivos, foram empregados: instrução verbal, modelação, ensaio comportamental, exposição em sessões externas e manejo de CR no abrigo. Como resultados, a cliente passou a: emitir comportamentos desejados de interação social, identificar novos reforçadores e se engajar nas atividades escolares. Os novos comportamentos apresentados por Jhenifer e os sentimentos a eles associados caracterizariam o que usualmente é chamado de “autoconfiança”.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); déficit no repertório social; baixa autoconfiança.