Atividade: Comunicação Oral (Estudo de caso clínico)

ANÁLISE DAS CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO MANTENEDORAS DA DEPRESSÃO: UM ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

RITA DE CÁSSIA DOS SANTOS DE SOUZA
Fabiana Pinheiro Ramos
Universidade Federal do Espírito Santo

Maria (51), casada, dona de casa, possuía duas filhas (21 e 28 anos), era natural do Nordeste e residia no Espírito Santo há 29 anos, desde que o marido (atualmente aposentado) fora transferido para a região em função do trabalho. A cliente relatou como queixa, na primeira sessão, estar deprimida, e afirmou fazer uso de medicação antidepressiva e ansiolítica há aproximadamente três anos, sendo receitadas por neurologista. Relatou também, nesta sessão, ter problemas de relacionamento com a filha mais nova e com o marido, envolvendo brigas e discussões constantes. A análise funcional do caso evidenciou alguns comportamentos-problema da cliente (basicamente déficits comportamentais), possivelmente implicados em sua depressão: 1) dificuldades de estabelecer e manter vínculos de amizade, se relacionando somente com a família; 2) ser pouco sensível às necessidades da família, sendo baixa a emissão de comportamentos que produzissem reforçadores para o marido e as filhas; 3) baixa tolerância à frustração, respondendo de maneira agressiva, quando contrariada; dentre outros. Além disso, a cliente não ficava sob controle do que era reforçador ou aversivo para o restante da família, apenas para si própria, demonstrando também dificuldade de discriminação de eventos ambientais e ficando sob controle, preferencialmente, dos respondentes associados às contingências de reforçamento (CR). Algumas dessas dificuldades produziam, por um lado, baixa densidade de reforço para a cliente; enquanto que alguns de seus comportamentos pertencentes à classe “estar deprimida” eram inadvertidamente reforçados pela família, sobretudo pelo marido, por meio de atenção, fazer as vontades da cliente, minimizar aversivos para ela, sempre contingente a seus comportamentos depressivos. A cliente foi atendida uma vez por semana, em uma clínica-escola, sendo realizadas 14 sessões até o momento. O foco da psicoterapia foi ajudar a cliente a desenvolver um repertório que tivesse mais chance de ser bem sucedido em seu relacionamento com a família, na medida em que ela passasse a ser mais sensível aos outros e respondesse de maneira menos agressiva aos conflitos familiares; além da ampliação do seu repertório social, sobretudo com a participação da cliente em outras CR além das presentes no ambiente familiar. Após essas sessões, a cliente já começou a emitir menos comportamentos com topografia de depressão, e mais comportamentos com função reforçadora para a família, diminuindo os aversivos para si e para os outros. A cliente continua em atendimento visando a ampliação e generalização de seu repertório.

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); depressão; sensibilidade ao outro.