Atividade: Comunicação oral

 

QUANDO O CHORO SE TORNA UMA ESTRATÉGIA EFICIENTE: ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO COM CRIANÇAS (TCR)

 

MARISA TOMAIRIS KLITZKE

Patrícia Panho Ferronato

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Diego (06) era filho único de Regina (32) e Roberto (35). Cursava o 1º ano do ensino fundamental em uma escola particular. A principal queixa apresentada pela mãe foi o fato do filho chorar constantemente: “chorar é algo que o ajuda a resolver os problemas”. Ela destacou também que o filho se mostrava intolerante às frustrações que surgiam no seu dia a dia, tinha dificuldade de interagir socialmente com os colegas por não “aceitar perder” e apresentava uma “agitação excessiva”: “Ele não consegue ficar parado te ouvindo”. A mãe se mostrava muito preocupada com a educação do filho, trabalhava apenas no horário em que Diego estava na escola para poder acompanhá-lo em todas as atividades diárias. Por meio da história de contingências de reforçamento (HCR) foi possível identificar que o comportamento de choro do cliente se fortaleceu desde muito cedo. Quando Diego nasceu, apresentou um quadro de refluxo acentuado e chorava muito pelo desconforto que sentia. Os pais, tentando poupá-lo do sofrimento, cada vez que Diego chorava, vinham ao seu encontro tentando minimizar seu mal estar. Com isto, o comportamento de chorar foi sendo fortalecido e se generalizou para outros contextos: “Quando ele foi para a escola, ele só chorava. Foi um caos...”. Sempre que Diego não conseguia realizar alguma atividade, chorava. Como Diego sempre teve suas vontades atendidas prontamente pelos pais, não aprendeu a lidar com frustrações, não aceitava perder nas brincadeiras e, consequentemente, acabava afastando os colegas, produzindo importante prejuízo social: “Eu levo os coleguinhas de Diego lá para casa e, meu Deus, é uma luta. Ele briga com o coleguinha e quer mandar em tudo”. Com o objetivo de aumentar a tolerância à frustração do cliente, os procedimentos e atividades utilizados em terapia foram: instrução verbal; descrição de CR; modelagem; elogios com possível função reforçadora; utilização de jogos; campeonato de dominó; e programa de economia de fichas. Em paralelo, foi trabalhado o domínio de atividades acadêmicas (leitura) e esportivas (judô), com o objetivo de fortalecer respostas mais desejadas incompatíveis com o choro (reforçamento diferencial de respostas incompatíveis - DRI). À medida que o cliente começou a se desempenhar bem nessas atividades, as respostas indesejadas diminuíram, uma vez que Diego aprendeu a produzir reforçadores contingentes a comportamentos desejados. Por meio dos recursos lúdicos explorados em terapia e orientação sistemática oferecida aos pais, Diego foi desenvolvendo maior tolerância às frustrações. Os jogos passaram a ser um momento de diversão, não ficando mais atrelado à necessidade de vencer. A orientação sistemática aos pais deu-se, basicamente, através de instruções verbais, em encontros regulares. As interações sociais de Diego foram gradativamente melhorando, tendo em vista que ele não mais se posicionava de forma exageradamente competitiva nas brincadeiras, passando a ser mais reforçador para o outro. Ele passou a discriminar melhor as consequências produzidas pelos próprios comportamentos, apresentando maior variabilidade de respostas sensíveis ao outro.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingência de Reforçamento (TCR); baixa tolerância à frustração; fortalecimento de respostas incompatíveis (DRI).