Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)     

 

“EU SOU EU E MINHAS REGRAS, O PROBLEMA SÃO OS OUTROS”: ESTUDO DE CASO CLÍNICO SEGUNDO A TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

MARCOS VINICIUS DE SOUZA    
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento / Prefeitura de Belo Horizonte-MG     
Camila Magnet Rotta
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Norma (65) viúva há nove anos, não tinha filhos. Possuía Ensino Fundamental incompleto – 4ª série. Era aposentada e recebia a pensão do esposo. Residia sozinha, em imóvel alugado, em uma cidade do interior de Minas Gerais. Vinha de uma família de mais 8 irmãos, dos quais 6 já haviam falecido. Chegou à psicoterapia por sugestão de uma amiga e apresentou a seguinte queixa: “comecei a sentir muita falta dos amigos, da família, das sobrinhas. Eu sempre fui muito unida com a família (...) Então isso está me machucando muito”; “Sempre o que eu fiz foi ajudar os meus sobrinhos, né, sempre tratei tão bem, nunca fiz nada em contrário. Por que será que eles se afastaram de mim? Se não pode fazer uma visita, mas, né, dá uma ligadinha (...)”. Com o transcorrer do processo psicoterapêutico, constatou-se que a cliente apresentava as seguintes dificuldades comportamentais: tinha o seu comportamento fortemente governado por regras e autorregras, portanto, insensível às contingências de reforçamento (CR) em operação; apresentava déficits importantes no repertório para estabelecer interações interpessoais, fazendo uso frequente de controle aversivo e escasso de reforçamento positivo, com critérios muito exigentes para se relacionar. Os principais objetivos psicoterapêuticos foram: 1) tornar os comportamentos da cliente mais sensíveis às CR em operação e, consequentemente, enfraquecer o controle de seu comportamento por regras e autorregras; 2) tornar a cliente mais sensível às pessoas, aplicando  mais reforçamento positivo, bem como reduzindo seu controle aversivo sobre elas; 3) produzir melhores discriminações sobre as CR e os comportamentos dos outros, para que não julgasse pessoas e situações de forma incoerente e irreal; 4) produzir a discriminação da relação funcional entre seus comportamentos e as consequências que eles produziam. Como resultados, a cliente começou a seguir regras e instruções apresentadas pelo psicoterapeuta que favorecessem a ela entrar em contato com as CR, passando a produzir e ficar sensível a reforçadores e reduzindo significativamente sentimentos aversivos produzidos pelas CR passadas. Entretanto, nas ocasiões em que o custo de resposta era muito alto para a Norma e as pessoas não correspondiam a ela de imediato, regras e autorregras ineficazes anteriores ainda exerciam controle sobre os seus comportamentos.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); comportamento governado por regras e autorregras; controle coercitivo; insensibilidade às contingências de reforçamento.