Atividade:
Comunicação oral (Estudo
de caso clínico)
DÉFICITS COMPORTAMENTAIS DA CLIENTE E A VARIABILIDADE COMPORTAMENTAL DO TERAPEUTA ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
LUSINEIDE CARDOSO DE MELO
Camila Magnet Rotta
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Este estudo de caso ressaltou a descrição da variabilidade de procedimentos que foram necessários durante o processo psicoterapêutico, sob controle das dificuldades comportamentais apresentadas pela cliente, a partir de uma história de Contingências de Reforçamento (CR) desfavoráveis ao desenvolvimento de repertório verbal e social desejado. Fernanda (55), solteira, estudou até a 8ª série do Ensino Fundamental. Era aposentada e residia numa cidade no interior de São Paulo com a mãe e o irmão caçula. Foi filha única de um relacionamento e não conheceu o seu genitor. Alguns anos após seu nascimento, a mãe casou-se e teve mais três filhos. Chegou à psicoterapia por intermédio de uma tia, que apresentou a queixa de que a sobrinha estava muito magra e apresentava muita dificuldade para se alimentar. A queixa da cliente, por sua vez, era que sentia “uma ruindade”. Com o transcorrer do processo psicoterapêutico, foram constatadas as seguintes dificuldades comportamentais: (a) comportamento verbal deficitário (desconexo, pouco elaborado e descritivo); (b) déficit significativo no repertório de produção de reforçadores positivos e negativos, tais como: 1) pouca emissão de comportamentos que pudessem produzir reforçadores positivos e negativos; 2) comportamentos de dependência para a realização de determinadas tarefas; 3) déficit no repertório social; 4) dificuldade na expressão de sentimentos; 5) emissão de comportamentos pouco coerentes com CR em operação e emissão de comportamentos indesejados socialmente, que tinham a função de produzir reforçadores positivos, como exemplo, fala excessiva e descontextualizada sobre dores e o uso de medicação e dificuldade na alimentação, o que produzia ainda uma aparência física debilitada. O processo psicoterapêutico foi diferenciado na sua forma de intervenção, visto que não era possível, no início, uma boa interação verbal com a cliente, o que dificultou o processo psicoterapêutico usual. Muitos dados da história de CR foram provenientes da investigação realizada com familiares (tia, mãe e prima). Alguns procedimentos utilizados na intervenção psicoterapêutica foram: ensino de descrição de comportamentos encobertos, apresentação de modelos, instruções verbais, modelagem, ensaio comportamental e extinção. Mesmo mediante as dificuldades para intervenção, a psicoterapia produzia consequências desejadas, à medida que tentou proporcionar à cliente qualidade de vida, sentimentos de bem-estar e mais acesso a atenção, carinho e outros reforçadores a partir da emissão de comportamentos mais desejados, que de alguma forma tornaram sua vida mais produtiva.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); déficit no repertório; desenvolvimento de repertório comportamental; variabilidade comportamental do psicoterapeuta.