Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso Clínico)
DE AGREDIDO A AGRESSOR: ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)
JOÃO EDUARDO CATTANI VILARES
Janaína Sampaio
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Maurício (38) era divorciado, estava desempregado e cursava engenharia. O cliente chegou à psicoterapia queixando-se de estar constantemente desempregado, de ter baixa autoconfiança, dificuldades nas relações sociais e de ser agressivo com as pessoas. Relacionamentos afetivos nunca foram prioridade para o cliente. Começou a trabalhar aos treze anos e viu-se assediado moral e fisicamente pelo pai que, alcoólatra, era agressivo com toda a família. O cliente mantinha contato com a ex-esposa, que o ajudava financeiramente. Maurício raramente falava sobre a interação entre eles e relatava que o motivo da separação também foi sua agressividade. À época que iniciou a psicoterapia, o cliente namorava uma moça que o agredia fisicamente, chantageava e o controlava. A relação deles era basicamente mantida, da parte dela, porque ele era o único vínculo afetivo em sua vida e, da parte dele, sentia-se culpado com a possibilidade de deixá-la. Observou-se que o cliente apresentava déficit no repertório social, pois não tinha “paciência” para dialogar com as pessoas (não conseguia entender as dificuldades e discriminar o que era de sua responsabilidade e o que era do outro em uma relação), apresentava comportamentos excessivamente governados por regras, e como tal, era insensível às consequências produzidas por suas ações e não demonstrava interesse por relações sociais, pois não tinha repertório adequado para produzir reforçadores nessas interações. A história de CR revelou que o cliente sofreu bullying durante sua adolescência, até que, repetindo os padrões aprendidos em casa, aprendeu um contracontrole eficiente para com seus agressores: agredir aos seus agressores. Maurício passou a encontrar muitas dificuldades em suas relações profissionais futuras com esse padrão, pois, repertório assertivo e socioafetivo pouco desenvolvidos, quando era colocado em uma situação aversiva, emitia comportamentos agressivos. Os objetivos no processo psicoterapêutico foram: 1) instalar e fortalecer comportamentos funcionalmente assertivos, e, consequentemente, enfraquecer respostas agressivas; 2) enfraquecer o controle por regras e autoregras por meio da descrição das CR em operação, do treino discriminativo e da exposição às CR; 3) ampliar contato com pessoas relevantes e enfraquecer respostas agressivas e punitivas nas interações sociais; 4) instalar repertório de esquiva desejado. Os resultados obtidos no processo psicoterapêutico foram: 1) cliente conseguiu se separar de sua namorada; 2) conseguiu deixar de ter uma posição de isolamento na faculdade e fazer parte de um grupo de amigos; 3) demonstrou melhora no relacionamento socioafetivo e comunicativo com o psicoterapeuta e também com sua ex-mulher e filho. Contudo, após as férias do psicoterapeuta, Maurício, mesmo após ter manifestado interesse em continuar o processo, resolveu interrompê-lo.
Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); agressividade; controle coercitivo; desistência do cliente; objetivos psicoterapêuticos.