Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)

 

DAS CONDIÇÕES AVERSIVAS AO ISOLAMENTO: UM CASO CLÍNICO SOBRE A PUNIÇÃO E SEUS EFEITOS SOBRE O DÉFICIT COMPORTAMENTAL

 

JOANA FIGUEIREDO VARTANIAN

Consultório Particular

 

O objetivo do presente estudo foi descrever um caso de déficit no repertório de habilidades sociais (HS), observado por meio de comportamentos de fuga-esquiva de interações sociais, sendo tais dificuldades resultantes de história de Contingências de Reforçamento (CR) com predominância de punição positiva, escassez de reforçadores positivos e ambiente familiar com carência de modelos de interação. Marisa (36) buscou psicoterapia com queixa de dificuldades para comportar-se em situações sociais, isolamento, sentimentos de inadequação e “fracasso pessoal e profissional”. A cliente apresentava uma história de CR em que a mãe, Débora (59), aplicava consequências punitivas contingentes à emissão de comportamentos desejados ou indesejados das classes de fazer/negar pedidos, expressar sentimentos/pensamentos e discordar de opiniões. O pai Mateus (62) funcionou como modelo de comportamentos de fuga-esquiva, ao acatar às exigências de Débora, visando a não confrontação.  Assim, a cliente não desenvolveu repertório de HS, além de apresentar dificuldade de discriminação das CR, possivelmente relacionada à apresentação de consequências punitivas tanto para comportamentos indesejados quanto para desejados. Marisa cresceu com dificuldades de relacionamento com os pais e desenvolveu padrão comportamental de fuga-esquiva de interações sociais, a princípio com os pais e, posteriormente, generalizado para outros ambientes. No vestibular, pretendia prestar Medicina, que requereria mais anos de estudo, mas optou por curso da área de saúde em outra cidade, provavelmente por possibilitá-la de morar logo longe dos pais. Quando se formou, retornou à sua cidade de origem e surgiu uma oportunidade de mestrado em que ingressou, mesmo não a interessando, e começou a dar aulas, esquivando-se de voltar para a casa dos pais. Casou-se com Rubens (37) e começou a apresentar comportamentos de fuga-esquiva das aulas e interações com os alunos, até que parou de trabalhar e passou a cuidar apenas das rotinas domésticas, minimizando por cinco anos a interação com outras pessoas. Os objetivos psicoterapêuticos foram: enfraquecer comportamentos indesejados de fuga-esquiva de situações sociais e desenvolver repertórios de HS, aumentando o acesso a reforçadores positivos. Foram utilizados os procedimentos: exposição sistemática a CR sociais; role-playing; descrições de CR que possivelmente controlavam seus comportamentos e de terceiros; instrução verbal com descrição de comportamentos alternativos e suas possíveis consequências. Os resultados obtidos até o momento foram: estabelecimento de repertório de HS e sensibilidade às consequências presentes da apresentação de tais repertórios; diminuição de respondentes nas situações sociais; inclusão de atividades reforçadoras para seu planejamento de vida, incluindo retorno ao cursinho para prestar vestibular de Medicina.

 

Palavras-chave: Terapia Analítico-Comportamental; controle aversivo; déficit comportamental; habilidades sociais.