Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)

 

"NÃO SOU SOFISTICADA" - COMPORTAMENTOS GOVERNADOS POR REGRAS NO RELACIONAMENTO CONJUGAL: ESTUDO DE CASO CLÍNICO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

ISABEL APARECIDA FÁVARO BLASCO

Valéria Bertoldi Peres

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Este trabalho discute a necessidade do psicoterapeuta ficar sob controle das Contingências de Reforçamento (CR) em que os clientes estão inseridos e não apenas das autorregras que governam os comportamentos deles. Fabiana (42), casada, professora, mãe de um filho (8), relatou as queixas: sintomas físicos de ansiedade sem causa definida; “mágoas do passado”; sentimentos de não ser a esposa “sofisticada” que o marido gostaria. Quando criança, a mãe e os irmãos mais velhos não a expunham às CRs em operação: o pai era alcoolista, infiel e agressor da mãe, e esta não tinha repertórios comportamentais desejados de fuga-esquiva das CR coercitivas, desta forma, a família retirava Fabiana do ambiente em que ocorriam as agressões. Na adolescência, Fabiana ajudava o irmão no trabalho e, neste ambiente, comportamentos como conversar e rir alto, contar piadas, seguir regras, resolver problemas surgidos na execução das tarefas cotidianas e esquivar-se de estímulos aversivos por meio de comportamentos verbais eram reforçados naturalmente e aceitos. Ainda adolescente, quando Fabiana passou a discriminar os comportamentos do pai de infidelidade, apresentava verbalizações agressivas em defesa da mãe e ele passou a puni-la com agressões físicas e verbais, ora produzidas por essas verbalizações, ora produzida simplesmente por estar alcoolizado independentemente dos comportamentos dela, então Fabiana passou a apresentar comportamentos de vigilância e de agressões verbais como fuga-esquiva destes estímulos aversivos. Casou-se com um rapaz que possuía déficit comportamental de discriminação e descrição das CR em operação e de resolução de problemas na empresa; e excesso de autorregras que priorizavam a produção dos próprios reforçadores pessoais e sexuais. Identificou-se que a cliente apresentava autorregras que não eram compatíveis com as CR em operação no relacionamento com o marido, com outros familiares e em seu trabalho. Os comportamentos aprendidos durante a História de Contingências de Reforçamento não eram eficazes para eliminar os estímulos aversivos identificados pela cliente nos ambientes doméstico e social. Objetivos propostos incluíram desenvolver: (a) comportamentos de discriminação das CR; (b) comportamentos funcionais de fuga-esquiva dos estímulos aversivos (c) comportamentos de produção de reforçadores afetivos-sociais; e (d) comportamentos de autocontrole. Os procedimentos utilizados foram: instrução verbal, análises das CRs, treino de discriminação, fading in e fading out da ajuda da terapeuta na descrição das CRs e na elaboração de comportamentos desejados. Os resultados obtidos foram: Fabiana aumentou sua discriminação das CRs em operação na relação com o marido e com as pessoas do trabalho, o que diminui o controle que as autorregras exerciam sobre seus comportamentos; identificou novos reforçadores sociais a médio prazo, diminuiu a emissão de respostas indesejadas sob controle dos aversivos; e a produzir mais consequências reforçadoras para si mesma, o filho e marido. Ainda há necessidade da continuidade do processo psicoterapêutico.

 

Palavras-chave: fuga-esquiva; autorregras; relação conjugal; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR).