Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)
“FIQUEI PARAPLÉGICO: E AGORA?”: DESENVOLVIMENTO E INSTALAÇÃO DE NOVOS REPERTÓRIOS EM PACIENTE DO SUS
HENRIQUE DO NASCIMENTO RICARDO
Prefeitura Municipal de Jaguaruna (SC)
Joel (22) ficou paraplégico quando, aos 17 anos de idade, sofreu um acidente de moto no retorno do trabalho. Morava com o pai e a madrasta na época do evento. Depois disso, passou a ser acolhido na casa de familiares. Após uma ação do ministério público contra o município por conta da negligência a sua saúde, passou a receber visita frequente dos agentes do programa da Saúde da Família (PSF), técnicos da secretaria de assistência social e do Núcleo da Saúde da Família (NASF). O paciente chegou ao serviço de psicoterapia por meio do encaminhamento da fisioterapeuta, que relatava a queixa de que ele passava a maior parte do tempo assistindo televisão, deitado na cama, sem fazer as atividades propostas por ela. "É um preguiçoso e desinteressado, não quer nem sentar". Após o acionamento pela coordenação do NASF, foram realizadas, quinzenalmente, sessões domiciliares de psicoterapia,. Durante uma das sessões, foi identificado déficit no repertório de leitura e escrita. Foi possível identificar na história de Contingências de Reforçamento (CR) do paciente, um processo de extinção comportamental que pode ter produzido baixa autoestima e baixa autoconfiança. Esteve privado de comportamentos como locomover-se pela cidade, participar do mercado de trabalho, participar de grupo de amigos. Os comportamentos de fuga-esquiva dos familiares em relação a exercer a função de cuidador também podem ter fortalecido os sentimentos de baixa autoestima e baixa autoconfiança. Além disso, o recorrente conflito familiar pode ter produzido sentimento de culpa. O objetivo do processo psicoterapêutico foi a instalação e desenvolvimento de comportamentos que aumentassem os sentimentos de autoestima e autoconfiança, como por exemplo, instalar repertório de deslocar-se com cadeira de rodas sem auxilio de cuidador; desenvolver repertório de leitura e escrita; desenvolver repertório social. Os resultados incluíram o desenvolvimento de maior autonomia do cliente. O cliente aderiu ao serviço de fisioterapia, desenvolvendo comportamentos que garantissem sua mobilidade, como sair da cama, sentar na cadeira, deslocar-se pela residência; passou a fazer suas próprias refeições; ficou sob controle das instruções do psicoterapeuta para retornar ao ensino formal, o que lhe permitiu, além do desenvolvimento da leitura e escrita, o desenvolvimento de repertório social. Joel também verbalizou o desejo de tirar carteira de motorista, comprar um automóvel adaptado e participar novamente do mercado de trabalho.
Palavras-chave: Paraplegia; ampliação de repertório; NASF; PSF.