Atividade: Comunicação oral (Estudo de Caso Clínico)

 

ESTUDO DE CASO CLÍNICO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR): CASAMENTO MANTIDO POR COMPORTAMENTOS DE FUGA-ESQUIVA, A FORÇA DO CONTROLE COERCITIVO

 

HELLEN TSURUDA AMARAL

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

Carlos Esteves

Núcleo de Terapia por Contingências de Reforçamento Curitiba

 

Rosana (37), casada com Nilton (38), relatou como queixas iniciais: sua dúvida com relação à separação conjugal; forte controle coercitivo exercido pelo marido; desemprego causado diretamente por ele diversas vezes durante o casamento; bem como diversos comportamentos agressivos de Nilton durante o casamento. De acordo com a descrição da cliente, o marido apresentava comportamentos antissociais em sua presença, tais como: ser fisicamente cruel com animais, violar de regras sociais importantes como, por exemplo, roubo de dinheiro de seus pais e mentiras que o levaram à demissão do emprego, entre outros. O casal tinha dois filhos, Pamela (19) e Vitor (14), com os quais em várias ocasiões o marido emitiu comportamentos verbais agressivos. Além disso, a cliente tinha suspeitas de que, em virtude de ciúmes dela, o marido havia colocado perfume em uma refeição que os filhos comeriam. A cliente afirmou ter como expectativa em relação à psicoterapia a tomada de decisão quanto a manter ou não o relacionamento com o marido, com quem estava casada havia 20 anos. Por meio da análise funcional do caso, pode-se afirmar que Nilton adquiriu a função de um evento pré-aversivo para Rosana. Verificou-se o desejo pela separação, mas déficit no repertório para isto. O casamento era mantido por fuga-esquiva de regras e autorregras disfuncionais da cliente; pela incapacidade de Rosana de exprimir sentimentos, desejos e insatisfações  para o marido (e demais parentes); por sua  dificuldade para discriminar sentimentos dentro do relacionamento; pelo sentimento de culpa pela infelicidade no casamento; e também sob controle da probabilidade da emissão de comportamentos agressivos do marido, inclusive, com outros familiares (filhos do casal e pais da cliente). Com relação à história de Contingências de Reforçamento (CR) de Rosana, observou-se grande número de eventos coercitivos, que instalaram e fortaleceram comportamentos de fuga-esquiva da cliente, tais como: comportamentos excessivos de submissão a autoridades, evitando possíveis punições; não pensar nos problemas aversivos, evitando lidar com a CR presente; não se expor a novas CR, entre outros. Este padrão de emissão de comportamentos de fuga-esquiva foi verificado em diversas relações da cliente: com o marido, filhos, pais, colegas de trabalho e também em algumas situações, com a psicoterapeuta. Os principais objetivos psicoterapêuticos foram: discriminação entre prazer (reforço positivo) e alívio (reforço negativo); ampliação de repertório de respostas que produzissem reforço positivo para a cliente; discriminação de comportamentos da cliente que eram adequados aos contextos, visando diminuição no sentimento de culpa em relação ao marido e à mãe; adequação de respostas de fuga-esquiva para que fossem mais funcionais e visassem evitar o contato com aversivos em relação ao marido e à mãe; desenvolvimento de respostas sociais com função adequada aos contextos familiares e de trabalho; não reforçamento e se possível, extinção dos comportamentos indesejados do marido; instalar comportamentos de contracontrole na relação com o marido. Os resultados incluíram o desenvolvimento de comportamentos de contracontrole na relação com o marido e com a mãe; maior exposição a contingências novas; diminuição do sentimento de culpa nas relações e início do processo de separação.

 

 

Palavras-chave: Fuga-esquiva; Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); casamento.