Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso Clínico)
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): DO DIAGNÓSTICO ÀS REAIS CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO VIGENTES
GABRIELA DE OLIVEIRA LIMA
Universidade de São Paulo
O presente estudo tem por objetivo descrever um caso de excessos comportamentais de agressão e de fuga-esquiva e baixa discriminação de sentimentos e de Contingências de Reforçamento (CR). A mãe de Bento procurou atendimento para o filho de sete anos após a criança receber o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Segundo relatório encaminhado, o cliente apresentava os sintomas de TDAH pelas contingências ambientais e não por um fator orgânico. Os pais de Bento indicaram como queixa três classes de comportamentos apresentadas pelo filho: 1) comportamentos agressivos: xingar e bater na irmã, mãe e colegas de classe; 2) comportamentos de oposição: recusar fazer as tarefas da escola, levantar e atrapalhar colegas e professora durante as tarefas e recusar a seguir regras e instruções dos pais; 3) comportamento hiperativo e desatento: falar aceleradamente e em excesso, mudar abruptamente de atividades e jogos e dificuldade de permanecer por muito tempo em uma mesma tarefa. Após observações em sessão, na casa e na escola do cliente, foi possível investigar as CR vigentes para possível instalação e manutenção das respostas emitidas por Bento. Foi identificado que a criança sofria bullying (agressão física e verbal) praticado por um colega de sala e esse foi um divisor para a identificação e planejamento psicoterapêuticos. Muitos comportamentos agressivos de Bento em relação à mãe e a irmã se mantinham pela dificuldade de discriminação de sentimentos, por não receber proteção (modelo e intervenção de um adulto) para a situação de agressão e como provável contracontrole com o agressor e colegas que também apresentavam comportamentos agressivos. As classes de comportamentos representadas por 2 e 3 se mantinham, em sua maioria, por fuga-esquiva da presença do agressor, pela consequenciação inconsistente dos pais e pelo pareamento “ensino” com “agressão” e os correspondentes colaterais de medo, dor e ansiedade. A intervenção psicoterapêutica foi direcionada ao ensino de discriminação de ambientes com menor potencial aversivo à criança, mudanças das CR escolares e, para os pais, o ensino da função dos comportamentos de Bento e o manejo de CR mais adequadas às respostas emitidas pela criança. Por meio da relação psicoterapêutica, foi instalada a emissão de tatos sob controle de sentimentos, habilidades necessárias para manter relações reforçadoras (manter contato visual, mostrar empatia pelo outro, etc.) e bloqueio de esquivas de relações de intimidade. Os resultados incluíram a diminuição de comportamentos agressivos e hiperativos, a nomeação e discriminação adequadas de sentimentos, desenvolvimento de comportamentos de auto-observação e descrição sob controle dos sentimentos aos familiares e aumento do repertório de interação com pares.
Palavras-chave: Terapia comportamental com criança; Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH); bullying; relação terapêutica.