Atividade: Comunicação Oral (Estudo de caso clínico)

 

“UNI-DUNI-TÊ: O QUE DEVO ESCOLHER?” - ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

FERNANDA BORGES BESSA

Marília Zampieri

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Ana (23) estava desempregada e morava com a mãe, Rita (40), e a irmã mais nova, Lívia (14). Ana e Lívia eram fruto de relacionamento não formalizado entre os pais, que moravam separados. A cliente procurou psicoterapia devido a problemas referentes à sua vida afetiva.  Ana namorava há aproximadamente quatro anos e mantinha paralelamente um relacionamento com o ex-namorado. Relatava não querer "mais conviver com isso", e sentir-se constantemente ansiosa quanto à possibilidade de ser descoberta. No entanto, dizia-se incapaz de escolher entre um dos dois relacionamentos. As dificuldades identificadas no repertório comportamental da cliente foram: (a) baixa tolerância à frustração; (b) comportamento controlado excessivamente por consequências imediatas, com valor reforçador tanto positivo quanto negativo; (c) dificuldade para responder às CR que apresentassem alto custo de resposta ou exigissem variabilidade comportamental para ter acesso aos reforçadores positivos; (d) baixa discriminação das CR em operação nos dois relacionamentos; (e) excesso de comportamentos verbais agressivos; (f) excesso de comportamentos de fuga-esquiva: quando Ana entrava em contato com estímulos aversivos em um dos namoros, deixava de se comportar nesta CR e passava a responder à CR do outro namoro. Alguns objetivos do processo psicoterapêutico foram: (a) levar Ana a identificar CR coercitivas em operação nas suas relações presentes e sua história de CR; (b) auxiliá-la a discriminar os estímulos reforçadores e aversivos produzidos em cada relacionamento; (c) fortalecer repertório comportamental que produzisse estímulos reforçadores positivos nas relações; (d) compreender como o padrão de relacionamentos em sua história de CR havia influenciado o seu comportamento nas relações no presente; (e) levar a cliente a discriminar o efeito que seu comportamento produzia nos outros e o impacto dele sobre as interações.  Aos poucos, Ana começou a discriminar as CR presentes em sua vida, bem como as consequências imediatas e atrasadas do processo de tomada de decisão. Passou também a identificar o que ambas as relações ofereciam a ela, e conseguiu escolher a qual relacionamento dar continuidade. A cliente permaneceu no processo psicoterapêutico para que pudesse continuar desenvolvendo repertório relacionado a estas e outras dificuldades identificadas.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); discriminação; comportamento de escolha.