Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)

 

Vivência de contingências aversivas precoce e implicações na construção de repertórios: estudo de caso à luz da Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR)

 

FELIPE PEDROSO

Conceição Batista

Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

Mariléia (37) era casada com Silvio (37) havia 17 anos. Morava com marido e a filha Diana (16). Trabalhava como costureira em uma fábrica e realizava curso supletivo equivalente a 8ª série. Relatou na sessão inicial que procurou o médico de uma unidade de saúde, pois se sentia ansiosa. O médico a encaminhou para a psicoterapia. A cliente queixou-se que se sentia muito agitada, em especial quando ia a lugares onde poderia encontrar pessoas desconhecidas, sendo que às vezes quando tinha que ir a uma festa não conseguia se alimentar corretamente no dia anterior. Relatou que todas as pessoas da sua família eram ansiosas e que se sentia assim há muito tempo, o que a fazia acreditar que sua ansiedade seria característica “de família”. Durante o processo psicoterapêutico foram identificadas as seguintes dificuldades: déficit no repertório discriminativo de estímulos geradores de ansiedade, sentimento de ansiedade frente a situações sinalizadoras de possíveis críticas, onde comportava-se de forma a evitar tais situações, déficit no repertório de iniciar e manter amizades, baixo sentimento de autoestima, déficit no repertório de identificação de reforçadores e na emissão de comportamentos que os produziriam, déficit no repertório de avaliação da qualidade das interações familiares, déficit no repertório de enfrentamento dos conflitos com o marido, sentimento de insatisfação com o trabalho, déficit no repertório de busca por novas oportunidades profissionais e adesão inadequada ao tratamento medicamentoso para a artrite reumatoide, o que resultava em fortes dores. Os objetivos do processo psicoterapêutico foram: desenvolver repertório discriminativo para que a cliente passasse a identificar e ficar sob controle dos estímulos antecedentes geradores de ansiedade, reduzir a intensidade dos sentimentos de ansiedade frente a estímulos antecedentes que sinalizam maior chance de ser criticada, desenvolver repertório para iniciar e manter amizades, manejar CR que fortalecessem o sentimento de autoestima, desenvolver repertório para identificar estímulos reforçadores positivos e emitir comportamentos que os produzissem, desenvolver repertório para avaliar a qualidade das interações familiares, desenvolver repertório para lidar com os conflitos com o marido, desenvolver repertório para procurar novas oportunidades profissionais e ficar sob controle de instruções sobre o uso correto da medicação prescrita. Os principais resultados foram: redução da ansiedade frente a situações em que poderia ser criticada, redução da frequência com que evitava situações que geravam ansiedade, aumento na emissão de comportamentos de se encontrar com amigas, iniciar conversas com colegas, discriminação de comportamentos que produziam sentimentos de prazer ou satisfação e uso de medicamentos de forma mais próxima à prescrita pelo médico.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); déficit de repertório; ansiedade.