Atividade: Comunicação Oral (Estudo de caso clínico)

DA SUBMISSÃO AO HEDONISMO: UM ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

ALAN SOUZA ARANHA
Consultório Particular

O objetivo do presente estudo é descrever um caso de excesso de comportamentos de fuga-esquiva indesejados, déficit de repertório de contracontrole e dificuldade em produzir reforçadores positivos sociais, a partir de uma história de contingências de reforçamento (CR) com predominância de estímulos pré-aversivos, punição positiva e ambiente familiar carente de relações reforçadoras positivas e modelos de interação social. Luís (36) procurou terapia com as queixas de dificuldade no relacionamento com sua mãe, ansiedade e “sentimento da vida estar passando em branco”. O cliente passou a maior parte de sua vida morando apenas com sua mãe, Rafaela (69), e seu irmão, Afonso (38), tendo perdido seu pai aos oito anos de idade. Rafaela fazia pedidos e exigências a Luís que, para ele, assumiam possível função de estímulo pré-aversivo: exigia que Luís a auxiliasse em seu ateliê de costura, por exemplo. Caso ele se recusasse, argumentava que o futuro de ambos dependia da ajuda dele. Essa consequência tinha possível função de punição positiva, produzindo sentimentos de responsabilidade exagerada e pena em relação a ela. Quando Luís completou 18 anos, Rafaela teve uma patologia que a tornou incapaz. O cliente assumiu todas as despesas da mãe. As CR em vigor na história do cliente foram de punição positiva e reforçamento negativo, gerando um padrão comportamental de responsabilidade total em relação à Rafaela, atribuição de mudança de comportamento dos outros a aspectos irrelevantes do próprio comportamento e relações sociais superficiais. Esse padrão de comportamentos tinha função de fuga-esquiva de punições sociais na área familiar e profissional. Tendo como principais sentimentos ansiedade e alívio, sem a possibilidade de produzir reforçadores positivos, tinha a sensação que sua vida estava passando "em branco". Os objetivos terapêuticos foram: diminuir a emissão de comportamentos de fuga-esquiva indesejados, ampliar o repertório de contracontrole, tornar o cliente capaz de produzir reforçamento positivo social. Foram utilizados, com o cliente, os seguintes procedimentos: descrição de CR às quais ele respondia; descrição de possíveis variáveis que controlavam o comportamento de terceiros; emissão de regras com descrição de comportamentos alternativos e possíveis consequências que eles produziriam em seu ambiente natural; modelação e descrição de possíveis estímulos reforçadores positivos que seu comportamento alternativo havia produzido no ambiente. Os resultados obtidos até o presente momento foram: diminuição na emissão de comportamentos de fuga-esquiva em situações nas quais poderia ser criticado; aumento da emissão de comportamentos de contracontrole frente às CR aversivas; emissão de comportamentos reforçados positivamente em ambientes sociais que antes eram contextos aversivos ou neutros.

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); controle aversivo; contracontrole.