Atividade: Comunicação oral (Estudo de caso clínico)     

 

COMO AS REGRAS DOS PAIS PODEM DIFICULTAR O DESENVOLVIMENTO DOS COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DO FILHO - ESTUDO DE CASO EM TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS DE REFORÇAMENTO (TCR)

 

ADRIANA APARECIDA PIVETTA
Marília Zampieri
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento

 

 

Vânia (35) e André (45) procuraram psicoterapia para Guilherme (06) a partir da queixa, apresentada pela professora, de que ele pouco falava na escola: não falava com os colegas e falava no ouvido da professora, após uma intervenção feita por ela para que estabelecessem esta forma de comunicação. Apesar deste déficit no repertório, foi possível observar que ele tinha poucas perdas neste ambiente, pois mantinha interações sociais com os colegas e apresentava desempenho escolar satisfatório. Essa queixa foi logo resolvida, já que Guilherme apresentava excelente repertório para a fala e, a partir do momento em que passou a ter contato com outras crianças fora da escola, conseguiu generalizar os comportamentos sociais com verbalizações para o ambiente escolar. Posteriormente, surgiu uma nova queixa: Guilherme comia pouco na hora das refeições e eram poucos os alimentos que aceitava ingerir, alegando ter nojo e ânsia. A partir da análise das contingências de reforçamento (CR) em operação, identificou-se que as respostas  de recusar alimentos eram reforçadas pelos pais e avós paternos. Algumas das consequências aplicadas pelos pais e avós: o pai insistia para que Guilherme comesse, fazendo ameaças que nunca eram cumpridas; a mãe era governada pela regra de que a alteração na adenoide era responsável pela recusa aos alimentos (problema clínico resolvido por meio de cirurgia antes do processo terapêutico) e, assim como todos, disponibilizava os alimentos que eram da preferência de Guilherme, tais como pão, salgadinhos e refrigerante; os pais também lhe ofereciam leite na mamadeira. Os objetivos do processo psicoterapêutico foram: levar os pais a identificar que Guilherme controlava os comportamentos deles e orientá-los para estabelecer regras claras para contracontrolar o comportamento alimentar de Guilherme; informar o cliente da importância da ingestão de uma variedade de alimentos e suas quantidades adequadas, assim como demostrar para ele que o uso da mamadeira não era adequado para a sua idade; expor o cliente a novos alimentos e avaliar como ele se comportava nestas ocasiões. Com os pais, os procedimentos foram: exposição de hipóteses e análises funcionais das CR operantes na família e orientações para que aplicassem procedimentos que envolviam apresentação de reforço diferencial. Com o cliente, foi realizado treinamento para seguir regras; apresentação de análises funcionais e exposição a novos alimentos. Os pais passaram a identificar melhor como o comportamento indesejado do filho era mantido, mas ainda permaneceram controlados por algumas regras disfuncionais. Guilherme aceitou provar todos os alimentos trazidos para a sessão e gostou de alguns, e, ao final da terapia, jogou a sua mamadeira no lixo, o que representou diminuição na quantidade de leite ingerido.

 

Palavras-chave: Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR); comportamento alimentar de criança; regras; consequências; orientação de pais.