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Volume 48 - 21/01/11

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Sou mãe e gostaria de sugestões para lidar com meu filho de 4 anos que não come variedades de alimentos, ou melhor , come apenas batata frita, arroz e alguns pedaços de carne.
(pergunta enviada por Luciana Comar Marão , estudante de Psicologia, Votuporanga – SP)

Ao analisarmos algumas dificuldades apresentadas pelas crianças com relação ao comportamento alimentar, como a recusa diante de novos alimentos, consideramos que isso é produto de uma aprendizagem e não necessariamente um déficit do organismo, a não ser que um médico tenha feito algum diagnóstico nesse sentido.
Comer é um comportamento, tanto quanto andar, falar, escrever etc. Assim como os demais comportamentos, ele é aprendido ao longo da história do indivíduo e mantido por suas conseqüências. É importante tentar compreender como o comportamento de recusar a comida foi instalado. Diante de uma negativa da criança, alguns pais podem insistir com ela para que coma, proporcionar maior interação entre eles a fim de tentar convencer a criança a se alimentar como, por exemplo: “Vamos dar uma volta e você vai comendo”, “Vamos pegar seu brinquedo e brincar juntos enquanto você come” etc. Tais comportamentos reforçam a recusa da criança, pois quando ela se comporta dessa maneira, recebe atenção dos pais ou de outros membros da família. A insistência para que a criança coma é uma forma de lhe dar atenção e o comportamento de recusar alimentos acaba sendo funcional. Não raro, os pais insistem (reforçam com atenção a recusa em experimentar novos sabores) e, diante do sistemático “não” do filho, oferecem-lhe o alimento que a criança prefere (a comida funciona como reforço do comportamento de só aceitar determinados alimentos).
Quando uma criança apresenta resistência em experimentar novos alimentos e, conseqüentemente, variar sua alimentação, é possível criar uma condição (contingência) a fim de fazer com que ela comece a experimentar outras variedades de alimentos.
O ato de experimentar novos sabores pode ser seguido de reforço social e carinho (conseqüências reforçadoras positivas). Mais importante do que reforçar positivamente o comportamento de não querer comer, é reforçar positivamente o comportamento de experimentar. Quando falamos de reforço social, nos referimos aos elogios e atenção que os membros de uma comunidade podem nos proporcionar, nesse caso, os pais e outros familiares podem elogiar a criança quando ela testa novos alimentos. O carinho que os pais dispensam a ela no momento em que se comporta no sentido de experimentar novos alimentos também é válido: abraçar, beijar, acariciar a cabeça da criança enquanto ela come, entre outros. Tais classes de consequências sociais que serão responsáveis por manter o comportamento da criança.
Experimentar alimentos variados é um comportamento que pode ser reforçado também pelo sabor da comida e pela saciedade que ela produz. Essas são as conseqüências naturais do comportamento de experimentar. A criança pode aprender que existem outros alimentos saborosos e apetitosos além daqueles que ela já consome. Misturar alimentos que a criança aprecia com pequenas quantidades de novas variedades de comida pode ser uma técnica eficaz. Assim, é importante considerar que a apresentação de novos alimentos tem de ser feita de modo gradual (fading in de novos alimentos) e sempre combinada com os alimentos que a criança já aceita. Por exemplo, podem ser colocados pedaços bem pequenos de tomate ou cenoura no arroz branco que ela já come com freqüência.
Essa introdução é gradual e não é recomendado que seja forçada pelos pais, pois ao insistir com a criança para que ela coma, os pais podem estar dando atenção (reforçando positivamente) ao comportamento da criança de se negar a experimentar. O ideal é que o comportamento de experimentar esteja diretamente relacionado a algo que a criança goste e que os pais evitem cobranças excessivas. A conseqüência social deve ser contingente ao comportamento, isto é, ser apresentada imediatamente após o comportamento desejado e, principalmente, ser produzida pelo comportamento.
Vale ressaltar que o paladar é variável e pode ser que a criança não passe a comer tudo o que os pais consideram importante e gostoso, mas o que importa é ensiná-la gradativamente a experimentar. Basta aumentar a variabilidade dos sabores ingeridos; não é necessário que a criança coma todos os tipos de comida que os pais consideram importantes.

 

Michelle Girade Pavarino

Mariana Bilia Arthur
CRP 06/96777
Cursando Especialização em Terapia por Contingências de Reforçamento.
Atende em consultório particular nas cidades de Piracicaba e São Pedro.

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Algumas pesquisas estão encontrando mudanças biológicas no corpo, e particularmente no cérebro de algumas pessoas que apresentam distúrbios de “personalidade”. Assim sendo, é possível afirmar que um organismo modificado responde da mesma forma às contingências de reforçamento? (enviada por Brena Cristina Carvalho de Salvador - BA)

A Análise do Comportamento utiliza o modelo biológico Darwiniano de seleção pelas conseqüências para explicar como comportamentos são adquiridos e mantidos no repertório de um organismo. Qualquer comportamento é determinado de acordo com as contingências de reforçamento (história ambiental) e de sobrevivência (história genética) a qual o indivíduo foi exposto. Não só a história de exposição às contingências, mas o organismo como um ser biológico é de interesse (mesmo não sendo objeto de estudo) do analista do comportamento.
Skinner cunhou os termos “organismo intacto” e “organismo não-intacto” para tentar explicar o fenômeno que ocorre com certas pessoas. Definiu organismo não-intacto como aquele que tem, do ponto de vista médico (levando em consideração os limites da investigação médica), alguma alteração neurofisiológica que mudaria a suscetibilidade a interagir com o ambiente. Alguns exemplos são: psicóticos, portadores de transtorno afetivo bipolar, surdos-mudos, crianças com desenvolvimento atípico, usuários de substâncias psicoativas etc.
A classificação de organismo intacto e não-intacto se torna complexa pelo fato de que comportamentos usualmente emitidos por organismos não-intactos podem ser selecionados, modelados e mantidos por contingências de reforçamento. Alucinações, compulsões, obsessões, tiques, paralisia de membros, dores crônicas etc. podem ser tratadas com sucesso (não em todos os casos) com ajuda apenas de psicoterapia, o que deixaria claro o determinismo ambiental frente ao determinismo biológico nestes exemplos.
Devemos levar em consideração que tais alterações biológicas não causam comportamentos disfuncionais ou patológicos, mas modificam a maneira como aquele organismo interage com o ambiente. Desta forma, quando o terapeuta comportamental pretende influenciar comportamentos desta população, utiliza os mesmos procedimentos, baseados nas mesmas leis que governam os comportamentos de qualquer organismo. O desafio está em manejar parâmetros das contingências de reforçamento ou desenvolver novas contingências, a fim de atingir o objetivo proposto (fortalecer, enfraquecer, instalar, manter comportamentos).
Como apresentado em resposta anterior, a personalidade é definida como “sistema funcionalmente unificado de respostas”, o que implica que a personalidade não é uma “estrutura” do organismo, dele fazendo parte desde o nascimento, mas é selecionada pelas consequências e é suscetível a se alterar, dependendo da ação funcional de contingências a que o indivíduo é exposto durante a vida. Intacto ou não, o organismo responde a seu ambiente. Retomando, o que muda é a suscetibilidade para interagir com esse ambiente, e não as leis que regem o comportamento.

Alan Souza Aranha
CRP: 06/100599
Cursando Especialização em Terapia por Contingências de Reforçamento - ITCR - Campinas

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ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA TODOS OS CURSOS DO
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INFORMAÇÕES: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/cursos.htmlJornal - Sinal Verde
Frase da Vez

PARA CASAIS... MAS VALE PARA RELACIONAMENTOS EM GERAL:
" Não reclame do outro. Faça sua parte, por você, pelo outro e pela relação, sem esperar reforços arbitrários por parte de seu companheiro. Ofereça sua contribuição; não cobre a do outro."

(Hélio José Guilhardi)

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